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De acordo com a Organização Mundial de Saúde, é considerada uma criança prematura ou pré-termo aquela que nasce com menos de 37 semanas de gestação. No dia 17 de novembro de 2009 comemorou-se pela primeira vez o Dia Mundial da Prematuridade, data que também foi conhecida como o Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade, com o intuito de se lembrar do prematuro e de se pensar em estratégias para diminuir a taxa de prematuridade.
No Brasil, por meio da Lei nº 13.971, de 10 de março de 2010, declara-se em seu Artigo 1º o “Dia da Atenção ao Prematuro” a ser comemorado anualmente em 14 de março no Estado de São Paulo.
O seguimento do prematuro inicia-se a partir do momento que existe a possibilidade da gestação ser interrompida por um trabalho de parto antecipado. A equipe obstétrica e pediátrica deve estar preparada para auxiliar as mães e a família a enfrentar essa situação, afinal, os pais de prematuros precisam saber que não estão sozinhos.
Os profissionais de saúde devem estar atentos para identificar e valorizar os diferentes sentimentos provocados na gestante e, assim, utilizar estratégias para que as mulheres se sintam apoiadas durante o processo de inibição do trabalho de parto prematuro.
No momento do seu nascimento, a criança prematura apresenta diferentes níveis de maturidade, dependendo da sua idade gestacional. Assim, podem necessitar de várias intervenções e um aumento do tempo de cuidados especializados no hospital. Quanto menor o tempo dentro do útero, maiores as chances de ocorrerem doenças em razão da prematuridade, e ser submetido a vários procedimentos durante sua internação, ou ainda apresentar doenças que podem comprometer a vida futura.
Por isso, todas as crianças prematuras que permanecem muito tempo em UTI Neonatal não podem deixar de ter um seguimento ambulatorial específico, composto por diferentes profissionais da saúde. O acompanhamento ambulatorial desses “pequenos guerreiros” tornou-se, portanto, um grande desafio, pois é uma tarefa que envolve várias especialidades médicas e não médicas e também as famílias dos bebês.
O principal objetivo desse seguimento é o maior conhecimento e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento nos recém-nascidos muito prematuros, além de complementar e dar continuidade aos cuidados oferecidos durante a gestação, parto e após o nascimento para alcançar uma infância e adolescência saudáveis. Sobreviver não é a única meta dos cuidados intensivos neonatais e, sim, o primeiro passo na vida dessas crianças.
Inicialmente, deve-se ter um preparo para a alta hospitalar. Portanto, esta alta deve ser planejada ainda quando a criança se encontra internada e deve incluir principalmente o fortalecimento do vínculo mãe-recém-nascido-família e o incentivo ao aleitamento materno.
Outro fator importante é entender a diferença entre idade cronológica e idade corrigida. A “idade corrigida” é a idade ajustada ao grau de prematuridade. Ou seja, é a idade que o bebê teria se tivesse nascido de 40 semanas. Por exemplo, recém-nascido com 28 semanas de idade gestacional, aos 5 meses de idade cronológica (idade real da criança) terá a idade corrigida 40-28=12 semanas, o que corresponde a 3 meses de diferença, portanto a idade corrigida será 5 meses – 3 meses = 2 meses de idade corrigida.
A importância de se corrigir a idade do prematuro é para lhe dar uma avaliação mais precisa de suas habilidades do desenvolvimento e de seu crescimento, sem subestimá-lo ao lhe compararmos com o desenvolvimento de uma criança que nasceu no tempo adequado.
No entanto, para a administração de todas as vacinas do calendário vacinal, deve ser seguida a idade cronológica (a idade real da criança). Nesta avaliação ambulatorial deve-se estar atento aos seguintes pontos:
– Exame físico detalhado realizado pelo pediatra;
– Avaliação do crescimento (medidas do peso, altura e perímetro cefálico);
– Realização de exames laboratoriais;
– Avaliação dietética;
– Avaliação da musculatura oral e audição por uma fonoaudióloga;
– Avaliação neurológica e motora realizada preferencialmente pelo neuropediatra e outros profissionais da reabilitação, como fisioterapeuta e terapeuta ocupacional;
– Avaliação oftalmológica;
– Avalição odontológica;
– Avaliação de outros especialistas, conforme a necessidade.
A detecção e a resolução precoce de possíveis problemas que possam ocorrer podem ser minimizados ou prevenidos. Por isso, é importante assisti-los como um todo, monitorando o conjunto de modificações físicas e intelectuais que a criança pode sofrer até alcançar a vida adulta.
A prematuridade continua a ser um desafio após a alta da Unidade Neonatal, requerendo um acompanhamento diferenciado e, certamente, quanto mais precocemente se iniciar a prevenção e/ou intervenção, melhor será o prognóstico.
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Atualizado em 29 de janeiro de 2025