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Depressão infantil: sinais de alerta e quando procurar ajuda profissional
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Depressão infantil: sinais de alerta e quando procurar ajuda profissional

Depressão infantil: sinais de alerta e quando procurar ajuda profissional

08/05/2020
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Não faz muito tempo que começamos a buscar compreender melhor a saúde mental das crianças. A indicação do acompanhamento psicológico só passou a ser considerado algo importante para o cuidado do sofrimento na infância nas três últimas décadas. Assim como na vida adulta as pessoas passam por acometimentos como a ansiedade, agressividade e depressão, também é possível encontrar sofrimento psíquico nas crianças. Neste texto, vamos tratar um pouco mais sobre a depressão infantil, cuja conscientização tem destaque neste mês, pela campanha Maio Amarelo, da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Entenda a depressão infantil

Segundo dados recentes, de 1 a 2,5% da população infantil em idade escolar apresenta sintomas relacionados ou diagnóstico de depressão infantil, o que acomete meninos e meninas, sem muita diferença (Costello EJ, Egger H & Angold A., 2005; Goldman S, 2012). Também, segundo estes dados, a taxa de depressão tende a aumentar a partir da entrada na adolescência.

A expressão da depressão infantil se dá majoritariamente por comportamentos ditos “internalizantes”, o que quer dizer que a criança agirá de maneira mais retraída e introvertida, o que dificulta o reconhecimento de que há um problema. Se pusermos em comparação com crianças com comportamentos “externalizantes”, como as condutas agressivas, estas terão seu sofrimento muito mais facilmente reconhecido.

Para muitas pessoas, a depressão pode ser sinônimo de tristeza ou da externalização de uma infelicidade. É importante afirmar que somente esses fatores não podem caracterizar um quadro depressivo. É necessário que mais dimensões da vida da criança sejam afetadas e que haja um prejuízo no seu funcionamento biológico, afetivo, de aprendizagem e social.

Para que possamos falar de uma depressão, é importante prestar atenção na presença, frequência e duração dos seguintes sintomas:

Visão negativa de si mesmo, dos outros e do mundo, desesperança, autocrítica elevada, pessimismo, dificuldade de concentração, pensamentos sobre morte, isolamento social, falta de interesse e prazer em atividades rotineiras e comuns da faixa etária, dependência da presença física dos pais, apatia, tristeza, irritabilidade, atitudes desafiadoras, sentimento de culpa, agressividade, raiva, ansiedade, alterações no sono, no apetite e na disposição física, queixas de dores abdominais e cefaleia (Greenberger & Padessky, 1999; Beck, 1999).

Se esses sintomas forem reconhecidos no comportamento da criança com grande frequência, em comparação com crianças saudáveis da mesma faixa etária, e com duração de mais de dois meses, é importante buscar ajuda profissional.

A depressão infantil não é igual à depressão adulta, já que o funcionamento psíquico das crianças é singular a essa faixa do ciclo da vida. As crianças se expressam principalmente através do brincar. Dessa forma, assim que alguns sinais repetitivos e duradouros de comportamentos deprimidos forem notados, é importante prestar atenção no brincar da criança. É por meio deste e da interação com os demais, que a criança pode expressar com maior intensidade se ela não está bem.

É importante que a gente leve em consideração que a depressão infantil pode ter fases que se intercalam com um aparente bem-estar. Dessa forma, é sempre positivo, mesmo quando a criança não tenha problemas graves, a participação dos familiares nas brincadeiras, na leitura de livros, e no ensinamento da nomeação dos sentimentos e emoções.

O contato próximo, positivo, sem julgamento e acolhedor dos responsáveis é um fator de grande importância para o desenvolvimento saudável e para o bem-estar da criança. Dessa forma, a criança sentirá confiança em expressar o que sente, sem medo de reprimendas, e poderá aprender como comunicar que não está bem, e a desenvolver autoconhecimento sobre si mesma. E isso vale não só para a depressão!

A importância do acompanhamento profissional

Nos casos em que esse sofrimento for mais intenso e estiver causando prejuízos escolares, familiares, na disposição e afeto da criança, é sempre indicado procurar ajuda profissional. Caso o cuidado necessário não seja ofertado à criança no momento em que o sofrimento é percebido, existe a possibilidade que ele perdure durante seu desenvolvimento.

Assim, a depressão infantil pode se estender à adolescência, aprofundando problemas na aprendizagem, autoestima, relação com os outros, e dificuldade de se expor a situações que possam lhe trazer benefícios, como fazer amigos e aprender coisas novas.

Profissionais de saúde mental qualificados, como psicólogos e psiquiatras infantis, estão preparados para reconhecer e propor formas de tratamento, e serão os melhores parceiros para acompanhar e ajudar a criança e sua família a atravessar esse período de sofrimento.

Neste mês de maio, que tal compartilhar informações confiáveis sobre o tema com as pessoas ao seu redor, e contribuir para que mais pessoas saibam reconhecer e se conscientizar sobre a depressão infantil?

Leia também: Depressão na infância: o que os pais podem fazer para ajudar

Atualizado em 31 de janeiro de 2025

Nara Brito

Nara Brito

Psicóloga e assistente de pesquisa do Instituto PENSI. É mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal da Bahia e possui especialização em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Tem experiência acadêmica e profissional em desenvolvimento na primeira infância, intervenção precoce, atendimento psicoterapêutico e psicodiagnóstico interventivo.

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