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Obesidade infantil deve ser tratada com hábitos saudáveis, e não dieta
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Obesidade infantil deve ser tratada com hábitos saudáveis, e não dieta

Obesidade infantil deve ser tratada com hábitos saudáveis, e não dieta

27/09/2021
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A Sociedade de Pediatria de São Paulo promove neste mês a campanha “Setembro Laranja: combate à obesidade infantil”, com o objetivo de conscientizar para “um dos problemas nutricionais cada vez mais prevalentes entre crianças nos países desenvolvidos e em desenvolvimento”. Dados do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), divulgados no último dia 13, apontam que três em cada dez crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos, estão acima do peso na América Latina e no Caribe, um número que aumentou durante a pandemia de Covid-19.

“Alguns estudos iniciais mostram que o ganho de peso em crianças e adolescentes durante a pandemia pode ter chegado até aproximadamente seis quilos. No entanto, é difícil avaliar esse número porque depende muito da idade da criança. Este é um aumento de peso significante, especialmente se já havia excesso de peso anteriormente”, afirma o Dr. Mauro Fisberg, coordenador do CENDA (Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares) do Instituto PENSI.

Como explica Fisberg, a obesidade infantil ocasiona problemas de curto, médio e longo prazos. “Começa com mudanças de postura e do peso sobre as articulações. Também pode levar a problemas de pele nas chamadas ‘dobrinhas’, alterar a pressão sobre a condição muscular e esquelética, os sistemas metabólicos, respiratório e no sono. Além disso, existem as questões emocionais e de autoestima que surgem. O próprio bullying, muitas vezes, já começa dentro de casa.”

A tendência, segundo o médico, é um aumento gradativo desses problemas quando a obesidade infantil continua na adolescência e na vida adulta. “A criança com obesidade pode desenvolver apneia do sono, alterações cardiovasculares, hipertensão, colesterol e diabetes, entre outros problemas. E aí no futuro essas questões podem desencadear derrames, infarto e aumento do risco de morte precoce”, completa.

Contudo, a coordenadora de nutrição do CENDA, Priscila Maximino, frisa que as crianças não devem ser submetidas a dietas, e sim a uma orientação nutricional adequada. “Criança não é um adulto pequeno, ela precisa de um acompanhamento específico para sua idade e desenvolvimento. Os comportamentos usados para emagrecimento em adultos nunca devem ser utilizados em crianças.”

Mudança de hábitos

O primeiro passo para tratar a obesidade infantil é abordar o tema a partir do ambiente em que a criança se encontra, explica Priscila. “A criança depende de um adulto para se alimentar, então temos que começar pelas famílias. Hoje, mais da metade da população brasileira está acima do peso. Ou seja, são pais, mães ou cuidadores que provavelmente mantêm um estilo de vida em que não se alimentam de forma saudável, apresentam menor atividade física e as crianças se encontram nesse contexto. Elas dependem das opções que são oferecidas em casa.”

Para complementar, diz a nutricionista, é preciso considerar a escola, quando a criança já está nessa idade, e o sistema de saúde. “É um tripé que precisa trabalhar em conjunto tanto na prevenção quanto no tratamento.”

A questão comportamental é a primeira que deve ser abordada, fortalecendo na criança a confiança de saber quando precisa se alimentar. “A criança nasce sabendo como controlar o seu próprio apetite, a sua ingestão alimentar”, completa. Por isso, é necessário reforçar nos pequenos o entendimento de “sentir os próprios sinais de fome e saciedade”.

“Há um senso comum de que a criança tem que se alimentar o tempo todo. Isso a tira do próprio cenário de entender quando está com fome, porque antecipamos a fome dela. Muitas vezes os adultos acabam induzindo na criança uma rotina alimentar que não condiz com o seu apetite”, segundo a nutricionista.

O próximo passo é a questão nutricional, em que a família deve se atentar na qualidade dos alimentos oferecidos. “Será que para o recreio da escola é melhor mandar na lancheira um bolinho ao invés de uma fruta, que é o suficiente para que ela esteja bem alimentada? Muitas vezes essas escolhas não pensadas são ricas em açúcar”, complementa Priscila.

Além disso, a nutricionista lembra que, muitas vezes, os adultos colocam mais importância no lanche em si do que no aproveitamento do recreio. “A criança em seu estado natural não quer se sentar para fazer uma refeição, ela quer aproveitar o recreio para brincar, até por uma necessidade de desenvolvimento motor, de conhecer o seu próprio corpo. Mas até isso estamos mudando.”

Outro problema, aponta o Dr. Mauro Fisberg, é a introdução precoce de alimentos com açúcar e grande quantidade de gordura e sódio. “Isso reflete os próprios hábitos da população brasileira atualmente. Damos frequentemente para crianças pequenas alimentos que não deveriam ser oferecidos ou apenas esporadicamente, como bolos, salgadinhos e bebidas ricas em açúcar. Não existem alimentos proibidos, mas sim a questão de oferecê-los em grande quantidade, ocasiões inapropriadas e maior frequência, numa idade inadequada.”

Por último, é importante o acompanhamento do pediatra durante a infância, que é essencial para ajudar os pais a identificarem o excesso de peso. “Depois dos dois ou três anos de idade, é comum que a família deixe de levar a criança regularmente ao médico, porque o filho geralmente já não fica mais tão doente. Mas é importante que a criança passe anualmente por uma avaliação nutricional, de peso e altura para que algum ajuste, caso necessário, seja feito”, lembra Priscila.

“Toda e qualquer preocupação com o peso é uma dúvida que precisa ser avaliada por um especialista. Quanto mais cedo o problema é identificado, mais fácil fica lidar com a questão”, acrescenta Fisberg.

Comunicação PENSI

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