PESQUISAR
Outro dia, ouvimos alguém dizer que achava um absurdo fazerem pesquisas em crianças. Paramos para analisar por que as pessoas teriam esta opinião, afinal, com estudos sérios podemos ajudar os pequenos a tratarem doenças que, muitas vezes, só eles têm.
O que é uma pesquisa clínica?
É uma investigação que envolve seres humanos com o intuito principal de comprovar a eficácia e a segurança de um novo tratamento. Este pode ser um novo medicamento, material, procedimento, método diagnóstico ou equipamento clínico.
Para chegar à etapa de pesquisa clínica, os tratamentos já passaram por outras duas etapas de testes:
1- Testes laboratoriais (in vitro);
2- Testes em animais;
3- Testes em humanos (pesquisa clínica).
Após a fase 3, este tratamento pode ser lançado no mercado se aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Inicia-se, então, a fase 4, chamada de Farmacovigilância, na qual se busca acompanhar e controlar o uso deste tratamento.
Os pacientes que participam de pesquisa clínica são voluntários.
No caso de pesquisa clínica com crianças, a autorização é dada pelos pais ou responsáveis legais. Os pequenos também podem tirar suas dúvidas, já que é muito importante ouvir o que eles têm a dizer.
Antes de fazer parte de um estudo, o voluntário deve esclarecer todas as suas dúvidas, ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), um documento elaborado pelo pesquisador e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
O CEP é um órgão institucional, composto por cidadãos representantes de diferentes setores da comunidade, inclusive por representantes de associações de pacientes. Ele tem a responsabilidade pelas decisões sobre a ética de pesquisas de modo a proteger a integridade e os direitos dos voluntários participantes. No caso da pediatria, o CEP avalia e autoriza a pesquisa clínica compatível com o menor risco possível para as crianças.
Mas por que temos que fazer estas pesquisas em crianças?
As crianças não são “adultos pequenos”, elas são uma população única, com características próprias fisiológicas e de desenvolvimento.
Nem sempre novos tratamentos são testados em crianças. Muitos dos prescritos por médicos apenas foram testados em adultos e, em muitos casos, não adianta ajustar a dose para o peso de uma criança, pois se corre o risco das quantidades serem ineficazes ou tóxicas. Estudos apontam que cerca de 75% das prescrições em pediatria são off label, justamente pela falta de pesquisas em crianças. Considera-se uma prescrição off-label em pediatria quando o medicamento foi aprovado pelos órgãos regulatórios, mas não para a faixa etária pediátrica, ou não naquela indicação terapêutica.
A condução de estudos em crianças, seguindo os preceitos éticos e legais, torna-se, portanto, necessária para desenvolver e determinar as melhores terapias próprias para a faixa etária.
Os voluntários são atendidos por uma equipe multidisciplinar altamente qualificada e treinada, que acompanha de perto a condição da criança, levando em consideração todo o seu histórico clínico e monitorando para evitar a ocorrência de reações adversas. Em outras palavras, o voluntário tem garantido um padrão de qualidade e segurança em seu atendimento.
O voluntário não recebe nenhum tipo de pagamento pela sua participação e nem precisa pagar pelo tratamento que recebe na pesquisa. Um estudo de pesquisa clínica é diferente de um tratamento médico comum desenhado para a terapêutica de uma criança específica. Quem participa como voluntário está contribuindo para a melhoria na terapêutica de crianças no mundo inteiro, de gerações atuais e futuras; pode ter acesso a tratamentos que ainda não estão disponíveis no mercado e, se este método se mostrar eficaz e seguro, podem ser um dos primeiros pacientes a obter este benefício.
Autoria do Centro de Ensino e Pesquisa do Instituto Pensi
Atualizado em 1 de março de 2024