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No último dia 28, o projeto Impactos de Intervenções sobre a Institucionalização Precoce (EI-3) teve o seu kick off na capital paulista. O evento, que ocorreu no auditório do Hotel São Paulo Higienópolis Affiliated by Meliá, reuniu profissionais e representantes das instituições envolvidas na pesquisa, assim como parceiros, apoiadores e investidores.
O EI-3 tem como objetivo principal documentar e comparar os impactos que o acolhimento institucional aprimorado e o acolhimento familiar aprimorado possuem sobre o desenvolvimento durante a primeira infância. Por meio dos sistemas oficiais de justiça, o projeto recrutará um grande grupo de crianças que foram retiradas dos cuidados de suas famílias biológicas e estão sob a tutela do Estado. Essas crianças serão incluídas como participantes do estudo e alocadas, aleatoriamente, em dois grupos:
Grupo 1: acolhimento institucional aprimorado
Grupo 2: acolhimento familiar aprimorado
O projeto também fará uma comparação dos grupos acima com crianças que nunca foram institucionalizadas e vivem com suas famílias biológicas (Grupo 3).
O EI-3 é uma realização do Centro de Pesquisa do Instituto PENSI em parceria com a Universidade de Maryland (EUA), a Universidade de Tulane (EUA), o Hospital Infantil de Boston (Faculdade de Medicina de Harvard – EUA), a Associação Beneficente Santa Fé e o Instituto Fazendo História.
O projeto tem o apoio do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) e da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e conta com financiamento do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos – Universidade de Harvard, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Lemann (FMCSV), Lumos, The Two Lilies Fund, PartnershipsPLUS e JSI.
A abertura do encontro foi feita pela gerente global do projeto, Julie Staples-Watson. Posteriormente, os professores Dr. Nathan Fox, da Universidade de Maryland, e o Dr. Charles Zeanah, da Universidade de Tulane, falaram, respectivamente, sobre os achados da atividade cerebral do Bucharest Early Intervention Project (BEIP) – estudo que antecede e pauta o EI-3, e sobre os objetivos do projeto no Brasil.
O Dr. José Luiz Egydio Setúbal, presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e vice-presidente do Instituto PENSI, também fez uma apresentação no evento, seguido pela diretora de educação da Fundação Lemann, Camila Pereira, da CEO da FMCSV, Mariana Luz, da diretora executiva da Associação Beneficente Santa Fé, Glorialuz Lanz, da diretora executiva do Instituto Fazendo História, Andreia Barion, da assessora técnica da SMADS, Isabel Figueiredo, e do consultor de pesquisa do Instituto PENSI e coinvestigador principal do estudo, o neurorradiologista, Dr. Edson Amaro.
“Em breve, vamos começar a coleta de dados, então o evento tornou-se um marco para o início das atividades práticas. Também foi uma grande oportunidade para compartilharmos informações, assim como atrair novos parceiros e investidores”, explica a psicóloga Dra. Stella Kappler, assistente de pesquisa do EI-3.
Assim como no restante do mundo, a pandemia de covid-19 alterou o cronograma inicial do projeto. “A pesquisa envolve o contato direto com as famílias e as crianças e nós não poderíamos expor esses grupos a mais um risco. Diante disso, optamos por aguardar a vacinação completa de todos os envolvidos no processo”, complementa a Dra. Stella Kappler.
Com base nos resultados do BEIP, a hipótese prevista é que as crianças colocadas no acolhimento familiar terão melhores resultados no desenvolvimento global. A hipótese também destaca para este grupo de crianças um melhor desenvolvimento socioemocional e melhores padrões comportamentais e neurais de atenção e cognição social em comparação a crianças que permaneceram no acolhimento institucional aprimorado.
“Um diferencial do EI-3 é que ele já parte dos resultados do BEIP e inova, incorporando o treinamento de melhoria dos cuidados, que será oferecido aos principais cuidadores das crianças participantes, nas famílias acolhedoras e nas instituições de acolhimento”, ressalta a psicóloga M.Sc. Nara Brito, que também é assistente de pesquisa do EI-3.
Para o professor da Universidade de Tulane, Dr. Charles Zeanah, o Brasil está tentando encontrar o melhor jeito de educar e cuidar de suas crianças, por isso os resultados do projeto são tão importantes. “Ele fornecerá evidências científicas que, posteriormente, poderão fundamentar políticas públicas no país, beneficiando a qualidade de vida das futuras gerações”, explica.
“Como o projeto está promovendo a formação de um programa de família acolhedora, além dos resultados esperados, também queremos ampliar e incentivar esse conceito em São Paulo e, a longo prazo, no Brasil todo”, reforça a coordenadora de pesquisa, Dra. Cândida Barreto, que integra a equipe do EI-3 no Instituto PENSI.
Vale destacar que, ao longo da última semana, de 27 de junho a 1º de julho, toda a equipe do EI-3 passou por um treinamento intensivo para o início da coleta de dados.