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A gotinha vai desaparecer, mas o Zé gotinha continua sua missão
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A gotinha vai desaparecer, mas o Zé gotinha continua sua missão

A gotinha vai desaparecer, mas o Zé gotinha continua sua missão

20/07/2023
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No início de julho, o Ministério da Saúde anunciou que substituirá, gradualmente, a vacina contra a poliomielite de via oral (VOP) pela versão inativada (VIP). Entretanto, o Zé Gotinha – símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil – continuará na missão de sensibilizar crianças, pais e responsáveis de todo o país, participando das ações de imunização e campanhas do Governo Federal.

O Brasil registrou seu último caso de poliomielite em 1989. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu, em 1994, que o país tinha eliminado o vírus da paralisia infantil (como a pólio também é chamada) em todo o território nacional. Mesmo assim, as crianças devem continuar sendo vacinadas contra a doença, ainda que o vírus não tenha sido detectado há mais de 30 anos em terras brasileiras.

A cautela se justifica por uma série de motivos:

  • Circulação do vírus pelo mundo, com notificação de casos em outros países. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS, alerta que se a doença não for completamente eliminada no planeta, 200 mil novas infecções podem acontecer a cada ano dentro de uma década.
  • Índices de vacinação abaixo da meta de 95% e a constatação da OPAS de que o Brasil corre um risco real de voltar a registrar casos da doença. A poliomielite é uma doença altamente contagiosa, que atinge principalmente crianças com menos de cinco anos e que vivem em alta vulnerabilidade social, em locais onde não há tratamento de água e esgoto adequado.

O Brasil registra quedas na cobertura vacinal contra a pólio desde 2016. Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98%. Depois de 2015, a adesão despencou. Desde 2016, o país não ultrapassa a linha de 90% de crianças vacinadas. Em 2019, caiu para 84%; em 2020, muito em razão da pandemia de covid-19, o índice chegou a 76% dos bebês imunizados. Em 2021, o porcentual foi 69%.

A causa para essa queda é multifatorial e não deve ser atribuída somente à pandemia. Entre as razões apontadas estão:

  • A falta de percepção do risco da doença pela população;
  • Aumento da preocupação com os possíveis efeitos colaterais do imunizante;
  • Aumento da quantidade e amplitude da disseminação de informações falsas (fake news) sobre vacinação;
  • Desabastecimento temporário de vacinas no setor público e privado;
  • Indisponibilidade dos pais de levarem as crianças para receberem a dose nos postos de saúde;
  • Horário dos postos de saúde.

O Ministério da Saúde informou que a substituição será gradual nos postos de saúde de todo o Brasil. Segundo a pasta, a VIP – aplicada via injeção e já utilizada nas três primeiras doses do esquema de imunização – estará disponível também para a dose de reforço, aplicada aos 15 meses, a partir de 2024. A quinta dose, dada aos 4 anos, deixará de existir.

A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que considerou as novas evidências científicas para a proteção contra a poliomielite. Segundo o Ministério da Saúde, foram analisados critérios epidemiológicos, evidências relacionadas à vacina e recomendações internacionais sobre o tema.

Não deixe de vacinar suas crianças contra a pólio e nem contra outras doenças preveníveis pela imunização. A vacina é a forma mais segura de evitar essas doenças.

A Fundação José Luiz Egydio Setúbal tem com uma de suas três prioridades de advocacy a imunização infantil, que também será tema do nosso 5° Fórum de Políticas Públicas a ser realizado em outubro deste ano.

Fonte:

https://www.estadao.com.br/saude/sai-gotinha-entra-injecao-vacina-contra-poliomielite-sera-atualizada-a-partir-de-2024-entenda-nprm/

Saiba mais:

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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