A puericultura na prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis
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A puericultura na prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis

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Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) são condições que apresentam etiologia incerta, múltiplos fatores de risco, longo período de latência, curso prolongado e estão associadas a deficiências e incapacidades funcionais. Essas doenças não são causadas por agentes infecciosos e não são transmitidas de uma pessoa para outra. Englobam doenças cerebrovasculares, cardiovasculares, diabetes mellitus, doenças respiratórias crônicas e neoplasias e são as maiores causas de morbimortalidade no mundo. A prevalência dessas doenças em crianças tem aumentado globalmente, principalmente devido a mudanças nos estilos de vida, como dietas inadequadas, sedentarismo e exposição prolongada a telas eletrônicas. Esses fatores contribuem significativamente para o desenvolvimento precoce de condições que anteriormente eram mais comuns em adultos, como a obesidade infantil, com taxas que vêm aumentado consistentemente nas últimas décadas. Entre 2009 e 2019, por exemplo, houve um aumento na prevalência de obesidade entre adolescentes de 12, 2% para 16%. A puericultura, acompanhamento pediátrico de rotina, é atenta para todas as condições sobre a criança e a família no decorrer do tempo. Não se limita apenas ao tratamento de doenças agudas na infância, atua também de forma preventiva, ajudando a estabelecer hábitos saudáveis desde cedo. O pediatra, desde os primeiros meses de vida, monitora o crescimento físico e o desenvolvimento cognitivo e motor da criança. Essa monitorização contínua permite identificar precocemente fatores de risco para algumas doenças, como a já citada obesidade infantil e problemas metabólicos. Durante as consultas de puericultura, o pediatra oferece orientações aos pais sobre a importância da amamentação exclusiva, introdução de alimentos saudáveis, atividade física adequada e limitação de tempo de tela. Também aborda elementos fundamentais na prevenção de DCNTs (ex.: diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares), que podem ter origem na infância devido a hábitos alimentares inadequados e sedentarismo. As vacinas recomendadas nas consultas da criança não só protegem contra doenças infecciosas agudas, mas têm um papel indireto na prevenção de DCNTs. Um exemplo é a vacinação contra o vírus da hepatite B na infância, que reduz o risco de desenvolver câncer hepático na vida adulta. Muitos fatores dificultam a prevenção das DCNTs na infância, entre eles destacam-se: acesso limitado aos serviços de saúde, recursos humanos insuficientes, falta de recursos financeiros, desigualdades sociais e econômicas, falta de conscientização e educação dos pais, barreiras culturais e linguísticas e carga de trabalho elevada nos serviços de saúde. Destaca-se a importância de analisar os desafios relacionados ao acesso à puericultura; discutir a importância do acesso oportuno e adequado a serviços de saúde de qualidade, incluindo exames preventivos, vacinações e gerenciamento de condições crônicas, a fim de reduzir a morbimortalidade associada a essas doenças. O fortalecimento dos sistemas de saúde é essencial para garantir que todas as crianças tenham acesso a cuidados de puericultura de qualidade. Leia também: Atualizado em 21 de maio de 2025
Dra. Luciana Izar

Dra. Luciana Izar

(CRM 134215) - Endocrinologista pediátrica e mestre em Ciências Médicas pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. É preceptora do programa de Residência Médica em Pediatria do Instituto PENSI & Sabará Hospital Infantil.

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