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A necessidade da repetição: “de novo?!”
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A necessidade da repetição: “de novo?!”

A necessidade da repetição: “de novo?!”

16/11/2015
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“Lê de novo essa história?”

Quantas vezes não ouvimos as crianças nos pedirem pela mesma história? Tem vezes que decoramos metade do livro de tanto ler. E quando você muda o tom de voz, alguma palavra, ou modo de gesticular, isso não passa desapercebido “não era assim, lembra?”.

Tanto você como as crianças já sabem exatamente como “deve” ser lido aquele livro. As próprias crianças quando pegam o livro para ler sozinhas  (ainda que não tenham seu ciclo de alfabetização completo) já sabem a entonação com que pronunciamos algumas palavras da história e acabam fazendo igualzinho. Já tiveram mães que nos disseram “Nossa eu acho que já sei como você lê esta história. Toda vez que meu filho pega o livro e tem uma parte do lobo ele abre bem os olhos e engrossa a voz, e quando tem um cavalo chegando ele bate as mãos na perna para fazer o som!”.

Parece que para as crianças é importante esta repetição. É  como se fosse um ritual, ela já sabe o que vai acontecer e é tão aconchegante poder prever o que está por vir. Tem vezes que a criança tem medo, MUITO medo de uma personagem da história, como um lobo, por exemplo, e mesmo assim ela quer ler inúmeras vezes. Poderíamos pensar que este é um movimento contraditório da criança “se tem medo para que ler de novo sobre o lobo? Não é melhor escolher um outro livro que não fique com medo?”. Não. É importante se aproximar deste medo, é um medo que dá frio na barriga, elas se colocam no lugar das personagens, passam pelas aflições e para vencer o medo precisam passar por isso repetidas vezes. Aliás elas precisam falar dele de várias maneiras para que possam ir se aproximando cada vez mais. É inevitável. Mas não é só em histórias que tenham medo que elas pedem pela repetição, pode ser por alguma personagem que se identifiquem, que tenha alguma situação descrita no livro que já tenham passado, ou estejam passando, e por aí vai…com a repetição vão digerindo e re-significando.

A repetição não acontece só com os livros. Os tais rituais também aparecem nas brincadeiras. Já repararam como as crianças gostam de brincar das mesmas coisas um tempão? Depois a brincadeira se esgota e mudam de ritual.

 

No Ubá temos reparado nisso em nossos registros diários. Nós, educadores, fazemos os registros depois de todos os encontros refletimos sobre as brincadeiras, falas e investigações das crianças. Num espaço que é amplo para se criar notamos que ainda assim o grupo de crianças sempre quer começar de onde pararam na semana passada. Se no encontro passado terminamos com uma cabana, o grupo de crianças pede para que montemos a cabana para começar, como se fosse um modo de relembrar e dar continuidade para o grupo. Tem uma criança, por exemplo, que toda a vez que chega coloca uma cartola vermelha na cabeça e só assim é que pode começar a brincar.

As repetições como rituais são valorizados pelas crianças, assim como nós criamos rituais elas também o criam na cultura de pares, como nos lembra a sociologia da infância para as crianças os rituais tranquilizam, ajudam em seu desenvolvimento e momentos de passagens.

assinatura_Bruna
Instituto Pensi

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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