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A investigação como lugar do encontro
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A investigação como lugar do encontro

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23/01/2017
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Duas crianças, uma bacia com água, potes, panelas, uma concha e uma escumadeira. Numa manhã de dezembro uma criança de um ano e meio brincava de pegar água na bacia e levar até um pote. Ela pegava água com a concha, passava pelo pote e derramava a água na panela. Metade da água se perdia no caminho. Ela persistia no trajeto.

Outra criança, que antes a observava com atenção, se aproximou pegando a escumadeira para entrar na brincadeira. Ela fazia os mesmos gestos que a primeira, o mesmo percurso até colocar a água na panela. É claro que o que ficava de água na escumadeira eram apenas gotas, pois o resto escorria pelos buracos.

É bastante tentador para um adulto que olha esta cena trocar o suporte no qual estão carregando a água para um mais adequado: uma colher, outra concha, um copo, etc. Afinal, vivemos dentro da lógica da eficiência e carregar água com escumadeira não soa bem (a não ser que estejamos nos poemas de Manoel de Barros ao carregar água na peneira). Mas a investigação era delas. Elas que  com tempo obtinham a percepção das consequências dos seus movimentos, os que ajudavam ou atrapalhavam ao segurar a água. Sabiam que estávamos por perto, mas não pediram pela nossa ajuda. Apenas olhavam para a própria água, compreendendo como este elemento se mexia, a sua liquidez. E brincavam. A investigação se dava como lugar de encontro entre eles e com o conhecimento.

Por outro lado, nós adultos, por vezes  atropelamos estes encontros. Estamos acostumados com a instrução, com o exercício e com a simplificação das investigações. E o que poderia facilitar a aquisição de um conhecimento, pode atrapalhar, pois gera um desinteresse por este. Quantas vezes vivemos isso na escola, por exemplo.

A simplificação da investigação não ajuda o processo de curiosidade das crianças. Percebemos que as crianças ficam muito mais interessadas quando encontram desafios, há uma tensão em conseguir conhecer.  Isso exige tempo e não eficiência.

Na Ubá vemos a investigação como um modo de pensar e agir cotidianamente, um modo como nos relacionamos com a vida e com o conhecimento de forma curiosa. Por isso, as crianças são tão importantes para a rotina da Casa Ubá,  pois são capazes de fazerem perguntas muito bem vindas. As crianças nascem investigadoras e pesquisam a vida pelo brincar. Aqui fazemos uma comunidade de investigação, na qual a Ubá é o lugar do encontro.

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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