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Estudo aponta que as meninas pequenas necessitam de outros referenciais femininos, além das princesas da Disney
Outro dia, colocamos no Facebook do Hospital Sabará uma pesquisa feita na USP por uma antropóloga que estudou a influência das princesas da Disney e o comportamento das meninas nos dias de hoje. Quem tem filha, neta ou sobrinha deve adivinhar o que ela afirmou.
Leia abaixo o excerto da matéria publicada:
“No Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a antropóloga Michele Escoura estudou de que maneira as imagens de princesas de contos de fadas servem como um referencial de gênero e exemplo de feminilidade. “A pesquisa Girando entre Princesas: performances e contornos de gênero em uma etnografia com crianças foi fundamentada nas teorias de gênero, difundidas a partir dos anos 1970. “Segundo as teorias de gênero, os referenciais de masculinidade e feminilidade não são pautados pela natureza, mas apreendidos segundo os modos de socialização a que nos submetemos. Diferentemente do sexo, enquanto um referencial anatômico de macho e fêmea, os gêneros masculino e feminino resultam de uma construção social, e variam de acordo com cada cultura”, afirma Michele.
Casamento: uma necessidade?
“Além de acompanhar as brincadeiras, Michele exibiu nas escolas os filmes Cinderela e Mulan, com o objetivo de mapear como as crianças compreendiam as narrativas dos filmes com as princesas da Disney. A escolha foi feita porque se trata de duas personagens “Disney Princesas” conceitualmente diferentes. Enquanto Cinderela é a princesa ‘clássica’, passiva, sempre à espera de outras pessoas para resolver os seus problemas, Mulan, segundo a própria descrição no site da Disney, é uma princesa rebelde, que a partir de suas ações, desencadeia os acontecimentos na história.”
Mais do que marginalizar completamente as personagens das princesas, Michele acredita que é preciso garantir que as crianças tenham acesso também a outros tipos de referenciais de feminilidades. “Filmes, músicas, roupas e tantos outros produtos entregues às crianças, não podem ser a única fonte de informação sobre o que é ser mulher.”
Para mim, o curioso da pesquisa no meu ponto de vista de pai, avô e pediatra, além de um fã de desenho animado, é uma mudança muito grande nos personagens da Disney dos anos 40/50/60 como a “Branca de Neve”, “Cinderela”, “Bela Adormecida” com personagens mais modernos retratados em “Mulan”, a “Bela e a Fera” e “Enrolados”. Isso inclui a ótima princesa Merida do filme ganhador do Oscar deste ano, “Valente”, que se aproxima muito mais das meninas e mulheres do século 21.
Cada época tem seus valores e suas princesas. Resta aos pais escolherem aquela que querem em casa: a doce, a meiga e a submissa Branca de Neve ou a rebelde, a independente e a valente Merida.
Por Dr. José Luiz Setúbal