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É preciso dialogar com as crianças sobre os benefícios e malefícios da sociedade atual
Vivemos em um mundo muito perigoso. No Brasil, especialmente em São Paulo, basta ver o noticiário da TV e se deparar com as seguintes informações:
• Um tiroteio em uma escola;
• Um atentado suicida no Afeganistão onde mataram civis;
• Um policial que levou um tiro de outro companheiro de trabalho, que matou um bandido;
• Um vídeo de meninas adolescentes que lutam em uma escola secundária;
• Um homem que escapou de um hospital psiquiátrico e levou a comunidade a manter todas as crianças em segurança;
• Uma quadrilha de pedófilos que molestava crianças pela internet;
• Crianças que fumam crack na Cracolândia;
• Desabamento nas praias do Rio de Janeiro.
Enfim, notícias não faltam e, muitas vezes, estamos com nossos filhos e não queremos ligar a TV para não chamar mais a atenção para os fatos.
Infelizmente, tudo o que foi citado acima é verdade e está presente no dia a dia. Nossos filhos precisam saber que coisas ruins acontecem e que as pessoas fazem coisas ruins. Podemos proteger as crianças, mas só por pouco tempo. Quando a realidade do mundo delas começa a afundar, elas precisam das perspectivas e habilidades para estarem prontos e enfrentá-la, sem que fiquem assustados.
Mas, para isso, devemos conversar com eles e há três pontos principais para o início de um diálogo:
1. A maioria das pessoas é boa
Sim, existem pessoas lá fora que fazem o mal e coisas erradas. Mas elas são uma porcentagem minúscula em comparação com as que estão presentes no mundo. Essa é uma mensagem importante para transmitir às crianças. As pessoas são boas, mas algumas têm problemas particulares ou presenciaram coisas ruins e, assim, são malévolas. Com relação a elas, precisamos ter cuidado. Dessa forma mostre, quando puder, exemplos de pessoas que fazem o bem à sociedade e ao próximo.
2. Há muitas pessoas que podem ajudar
Há pais, tios, amigos e professores. Há policiais e bombeiros. Há os vizinhos do outro lado da rua. Essas são as pessoas que, de forma convincente, podemos mostrar às crianças para mantê-las otimistas em saber onde procurar ajuda no momento de urgência. Isso ecoa e reforça o item 1 de que no mundo há pessoas boas e que podem mantê-las seguras o tempo todo.
3. As crianças podem fazer coisas para ajudarem a si mesmas
Existem coisas simples que você pode fazer com seus filhos, a fim de acarretar um diferencial, tais como:
• Ensine às crianças a ter certeza de que você ou o cuidador sempre saberão da localização delas (na escola, shopping center, casa do coleguinha. O celular pode ser usado regularmente quando forem mais velhas);
• Explique aos pequenos o que fazer se eles se perderem dos seus responsáveis (informe-os sobre o número de celular dos pais, telefone de casa, o endereço da rua onde moram, etc). Se a criança for muito nova, é bom que ela tenha um cartão de contato, por exemplo;
• Certifique-se de que a criança esteja ciente de que sempre deverá pedir ajuda para outros adultos, não para crianças;
• Com o aumento do abuso e assédio sexual é importante também orientar as crianças nesse sentido. Ensine os nomes das “partes íntimas” e fale sobre privacidade e intimidade (é evidente que a atitude depende da idade da criança). Reforce que, se um adulto gerar um momento desconfortável, eles devem sair o mais rápido possível de perto dele e dizer o que aconteceu para alguém de confiança (você precisará explicar quem são as pessoas que ela pode confiar).
Alguns pais necessitam, algumas vezes, de medidas mais incisivas como médicos para conversar com a criança. Isso é uma demonstração para que elas vejam que existem pessoas em quem confiar.
É óbvio que você não pode fazer tudo isso de uma vez, pois eles não vão se lembrar dos assuntos abordados, além de ser uma conversa muito extensa. Procure ser natural e aproveite as oportunidades para iniciar um diálogo quando aparecer temas em histórias, filmes ou programas de TV. Aborde aqueles que você julga relevantes para mostrar que existem perigos lá fora, mas que confiam nas crianças e que são otimistas em relação ao que lhes foi ensinado.
Por José Luiz Setúbal
Fonte: Claire McCarthy, 17 de abril de 2012 (Dra. Claire McCarthy é um médica da atenção primária e a Editor de Comunicação Médica do Hospital Infantil de Boston).
mensagem enviada
quero esse site pois quero ler mais tarde.