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Palmada para disciplinar? Nunca
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Palmada para disciplinar? Nunca

Palmada para disciplinar? Nunca

29/04/2020
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Em tempos atuais onde a violência parece ser uma coisa banal e sem importância, é sempre bom alertar aos pais, sobre o ponto de vista da ciência, como esta violência, a palmada, afeta a criança. Vinte anos depois de pedir cautela entre os pais que optam por disciplinar seus filhos com palmada, a Academia Americana de Pediatria atualizou sua posição em 2019. Agora, é um consenso esmagador para os pais: não façam isso.

Em uma nova declaração de política emitida no início de 2019, o grupo alerta que “estratégias disciplinares aversivas, incluindo todas as formas de castigo corporal, gritar ou envergonhar crianças são minimamente eficazes em curto prazo e não são eficazes em longo prazo. Com novas evidências, os pesquisadores vinculam a punição corporal a um risco aumentado de resultados comportamentais, cognitivos, psicossociais e emocionais negativos para as crianças”.

Uma análise de uma pesquisa realizada nos EUA em 2016 revelou que os entrevistados com crianças pequenas em casa, independentemente de raça e etnia, não apoiaram o castigo corporal, sugerindo a possibilidade de que uma mudança geracional nas normas sociais (sobre o castigo corporal) pode estar ocorrendo. Se isso é verdade nos EUA, pode não ser aqui no Brasil, ainda mais nos dias atuais.

Apesar dessas atitudes instáveis, vários países continuam a ter leis que explicitamente permitem que as escolas executem punições corporais, como relatam as organizações que observam a infância, ainda no ano passado. As evidências mostram que as palmadas fazem mais mal do que bem quando se trata do desenvolvimento de uma criança. Sabemos que o cérebro não cresce e se desenvolve tão bem, quando sofre punição física podendo causar problemas de aprendizado, de vocabulário e memória, além de comportamento agressivo.

Repreensões verbais foram consideradas pela AAP como prejudiciais à saúde de uma criança também. Qualquer coisa que seja verbalmente abusiva, além de ser fisicamente abusiva, pode mudar a arquitetura do cérebro. Basicamente, esses são eventos adversos na infância que podem causar estresse tóxico que pode levar a problemas de saúde e problemas emocionais quando a criança atinge a pré-adolescência e a adolescência e até mesmo quando for um adulto.

Uma maneira menos prejudicial de disciplinar efetivamente as crianças seria recompensar o bom comportamento e permanecer consistente com as expectativas de acordo com a idade. Algumas crianças podem responder a penalidades (castigos) com intervalos, um minuto por ano para idades de 2 a 5, basicamente.

Colocá-la sentada por este tempo será o suficiente para fazer uma pausa e se reagrupar as ideias, o que pode ajudá-los a se acalmar e depois ver porque esse comportamento não foi bom. Também dá um tempo de você pensar em como vai agir e o que vai falar sobre o que a criança fez de errado.

Embora a disciplina física faça parte da nossa cultura há gerações, a pesquisa é clara, é hora de mudar. Imagino que muitos pais tenham recebido palmada enquanto cresciam e descobriram que é ruim o que parece ser bom, mas, sabendo o que fazemos agora, realmente precisamos evitar punições físicas porque sabemos que isso pode ser prejudicial.

E o que Shu pensa sobre o argumento de que as pessoas que receberam palmada quando crianças e se saíram bem? Ela o compara a crescer em uma época em que as cadeiras de carro não eram necessárias para crianças pequenas. “Não havia assentos de carro, por exemplo, quando eu cresci, [e] ficamos bem – quem viveu para contar sobre isso”, disse Shu. “Mas agora que temos informações de segurança e assentos de carro, recomendamos que todos os usem o tempo todo”.

Fonte: Pediatrics December 2018, Effective Discipline to Raise Healthy Children, Robert D. Sege, Benjamin S. Siegel, COUNCIL ON CHILD ABUSE AND NEGLECT COMMITTEE ON PSYCHOSOCIAL ASPECTS OF CHILD AND FAMILY HEALTH.

Saiba mais:

  1. https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/uso-do-castigo-fisico/
  2. https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/castigo-para-pensar-mas-na%cc%83o-seria-melhor-pensar-para-castigar/
Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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