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O tema está na programação de TV, nas séries e filmes, assim como nas redes sociais e precisamos falar cada vez mais sobre o assunto. Estive de férias durante o mês de novembro passando pela Coreia e Japão, dois países com as maiores taxas de suicídios do mundo. Na Coreia do Sul chega a 29 por 100 mil habitantes e no Japão 18,5 por 100 mil habitantes, sendo que no Japão o suicídio de jovens e adolescentes aumentou nos últimos anos, enquanto o suicídio geral caiu. No Brasil, esta taxa é de 6,1 para cada 100.000 habitantes, mas vem aumentando nos últimos seis anos.
Este é um assunto que sempre colocamos no nosso Blog e levamos para discussão nos nossos Congressos e Simpósios, pois vemos no dia a dia do pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil adolescentes com automutilação ou tentativas de suicídio.
De acordo com relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado este ano com números relativos a 2016, em geral, o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, atrás apenas de acidentes de trânsito.
Entre as meninas, o suicídio é a segunda causa de morte após as complicações na gravidez, e a terceira entre meninos, depois de acidentes de trânsito e violência. Em geral, a OMS estima que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio por ano e 79% dos casos se concentram em países de baixa e média renda. No Brasil, foram registrados 13.467 casos: destes, 10.203 entre homens.
No período de 2010 a 2016, a região das Américas foi a única a apresentar crescimento da taxa global de suicídios. A alta foi de 6% enquanto a taxa global caiu 9,8%. A região do Pacífico Ocidental e do Sudeste Asiático também registraram queda de 19,6% e 4,2%, respectivamente.
O suicídio entre jovens é um problema de saúde pública em todo o mundo e não é multifatorial, segundo os estudiosos do assunto. Além das mudanças e conflitos que costumam ocorrer nessa fase da vida, os jovens enfrentam cobranças e vivem o isolamento causado pelo uso excessivo das tecnologias. Uma das pessoas com quem conversei no Japão, me disse que os jovens de lá evitam relacionamentos, pois não sabem lidar com conflitos. Eles estão tão acostumados a viverem em um mundo virtual de jogos e ficção, onde quando ocorre um problema você deleta, que desaprenderam a consensuar uma solução e acabam se isolando.
Vivemos em uma sociedade extremamente tecnológica, que tem grande carga de informação e muito competitiva. Estes jovens são cobrados para terem atitudes de alta performance em diferentes áreas da vida: seja pela sua família, pela sociedade, ou por ele próprio. Isso traz consequências emocionais que fazem com que o jovem entre em crise e conviva com as duas maiores doenças incapacitantes do mundo: a depressão e a ansiedade.
As situações que faziam com que os jovens se sentissem deslocados da sociedade, como o bullying, também passaram a tomar proporções maiores. Antigamente o bullying era presencial. Hoje em dia, tem o cyberbullying, que tem divulgação imediata e “global” naquela comunidade.
O isolamento é outro problema. Se você pega o metrô, as pessoas não se olham no vagão, porque estão imersas em seus celulares. Estamos perdendo a sensibilidade do contato, do toque, do olho no olho, de sermos humanos uns juntos aos outros, algo que descaracteriza as relações humanas e fragiliza as relações. Confira alguns sinais de alerta, segundo o Ministério da Saúde:
• Depressão causa tristeza profunda e pessimismo, sentimentos que podem culminar em comportamentos suicidas. Os sinais mais frequentes são irritabilidade, ansiedade, angústia, desânimo, cansaço fácil, e diminuição ou incapacidade de sentir alegria.
• Há também outros comportamentos que devem ser observados: aumento de sentimentos de medo e baixa autoestima, dificuldade de concentração, diminuição ou aumento do apetite e do peso, raciocínio mais lento e episódios frequentes de esquecimento.
• Surgimento de doenças
• Pessoas com depressão podem apresentar baixa no sistema de imunidade, problemas inflamatórios e infecciosos. Dependendo da gravidade, a depressão também pode desencadear doenças cardiovasculares, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão.
Segundo a OMS, 9 em cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas e a prevenção é fundamental. O assunto ainda é considerado tabu, mas é fundamental que em momentos difíceis as pessoas consigam pedir ajuda para familiares, amigos ou ao médico.