PESQUISAR

Sobre o Centro de Pesquisa
Sobre o Centro de Pesquisa
Residência Médica
Residência Médica
Como escolher um livro para leitura em família
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp
Como escolher um livro para leitura em família

Como escolher um livro para leitura em família

06/08/2021
  3542   
  0
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp

Depois de contar um pouquinho para vocês sobre os benefícios dos livros  e sobre a importância de criar esse hábito em família, é hora de uma das partes mais gostosas do processo de leitura: escolher os livros. Mas como fazer isso? Como saber se um livro é bom?

Bem, antes de continuar preciso fazer uma colocação importantíssima: existem dois tipos de “bom”. Um livro que é bom para mim pode não ser bom para você, e vice-versa. É que esse é o “bom” subjetivo, aquele que depende do que há dentro de nós para o livro despertar – ou não – nossas emoções. Esse “bom” depende muito mais de nós do que do livro em si. Ou ele nos toca ou não, dependendo do repertório que a gente carrega.

Mas também existe o “bom” que se refere à qualidade literária: aquele critério que vai definir se o livro é bom para proporcionar a experiência que um livro literário deve proporcionar, que é a do mergulho, da experiência sem pretensões ou didatismos. É sobre esse “bom”, que deve vir antes do outro, que falo aqui. Combinado?

Vamos fazer um paralelo com os filmes: existem os filmes educativos, que as crianças assistem em aula: são filmes que servem para ensinar. E existem os filmes que servem para entreter, que se ensinarem alguma coisa é porque conversaram com algo íntimo dentro de nós – com o nosso repertório – mas sem que essa fosse a intenção do filme. São aqueles filmes feitos como arte. Pois então: com livro é a mesma coisa. Existem os livros didáticos, que vêm para ensinar, e existem os livros literários, aqueles feitos sem nenhuma pretensão a não ser a de nos fazer viajar pela história que o autor quis nos contar. É claro que eles acabam nos ensinando alguma coisa, mas essa nunca é a intenção principal: os livros literários são aqueles que não devem ter uma utilidade clara. Mas o que acontece é que, muitas vezes, livros utilitários vêm disfarçados de literários. Sabe aqueles títulos “Como ser um bom menino”, “Aprendendo a dizer por favor e obrigado” (estou inventando, ok? Qualquer semelhança é mera coincidência). Fuja deles. Esses livros não são literários e esse é o primeiro critério para escolher “bons” livros – literários – que entrem na sua casa única e exclusivamente com a intenção de entreter. Queremos os livros que formam leitores, que são justamente os que não têm cara de lição ou de obrigação.

O próximo passo é entender que, mesmo entre os livros literários, existem diversos gêneros. Para os adultos eles são mais claros: biografias, romances, mistério, ficção científica. Os adultos, em geral, já sabem que tipo de livro gostam de ler e fica mais fácil escolher dentre as categorias. Mas os livros infantis são todos “livros infantis”: um grande gênero que muitas vezes dificulta a escolha. Assim como nós, as crianças também têm preferências: algumas gostam de livros de humor, outras de poesia, outros de contos clássicos ou de repetição, outras de aventuras. Quando a gente vai escolher um filme para nosso filho assistir, a gente pensa nos gostos da criança, não pensa? Com livro também deveria ser assim, e a chance de acertar aumenta muito. Pense: seu filho gosta de bichos ou de fadas? É uma criança que gosta de filosofar ou é uma criança que gosta de rir com piada de pum? Existem livros para todos os gostos e escolher pensando no perfil da criança, e não somente nos básicos gênero e idade, é uma forma de levar a sério essa criança leitora, respeitá-la.

É legal também avaliar a qualidade física do livro. Květa Pacovská, uma grande ilustradora tcheca, uma vez disse que o livro é o primeiro museu de uma criança. Ou seja: o livro é o primeiro contato que as crianças têm com a arte. Pense nisso na hora de avaliar visualmente uma obra: o papel é bom, a impressão é bem-feita? Ela traz desenhos “pasteurizados”, aqueles sem traços originais, que se parecem com os desenhos da televisão, ou ela traz estímulos que vão enriquecer o repertório da criança, com técnicas de desenho e pintura, traços autorais, colagens? Quanto mais isso variar na biblioteca de casa, mais rica será a experiência.

Por fim, mas não menos importante: se estamos falando de formar leitores, tão importante quanto a qualidade do livro é associar a leitura ao afeto, à formação de laços: ler junto com ou para a criança. E para que isso funcione da melhor forma possível, o adulto também gostar do livro é fundamental: afinal, um livro para crianças que só é bom para crianças não é um bom livro.

Luciana Loew

Luciana Loew

Luciana Loew é consultora de comunicação, pesquisadora de literatura para crianças e jovens e especialista em textos literários pelo Instituto Vera Cruz. É colunista da revista Pais&Filhos e co-idealizadora da Literatoca, iniciativa que busca aproximar as famílias brasileiras dos livros. Mãe de Teresa e Alice, duas pequenas e ávidas leitoras.

deixe uma mensagem O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

posts relacionados

INICIATIVAS DA FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL
Sabará Hospital Infantil
Pensi Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil
Autismo e Realidade

    Cadastre-se na nossa newsletter

    Cadastre-se abaixo para receber nossas comunicações. Você pode se descadastrar a qualquer momento.

    Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade de Instituto PENSI.