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Criação neurocompatível: mais um modismo para tomar cuidado
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Criação neurocompatível: mais um modismo para tomar cuidado

Criação neurocompatível: mais um modismo para tomar cuidado

17/06/2022
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Lendo o jornal alguns dias atrás, me deparei com um artigo intitulado “Parentalidade gentil: o que é e quais os benefícios para as crianças”, que apresentava a tal da criação neurocompátivel. Como nunca havia ouvido falar nisso, li o artigo e fui pesquisar sobre o assunto.

A tal corrente educativa está baseada em sete fundamentos da criação neurocompatível:

  1. Relacionamento com as crianças baseado na dignidade humana;
  2. Ausência de práticas punitivas e de submissão;
  3. Confiança nos processos de desenvolvimento maturacional e biológico da infância, sem padrões sociais opressores;
  4. Conhecimento de que regras e limites sociais são aprendidos na medida que estão inseridos na cultura a que pertencem e não impostos pelos educadores;
  5. Educação centrada nas necessidades da criança, que é o ser mais vulnerável em todas as comunidades humanas; educação em rede ao invés de hierárquica (todos são iguais e importantes, tanto adultos como crianças, sem presença de poder);
  6. Acompanhamento do ritmo natural nos marcos de desenvolvimento por pais e profissionais:
  7. Conquista da marcha, desfralde, desmame, aprendizagem de leitura e escrita, etc.

Nada a comentar sobre esses princípios, pois parecem baseados nas boas práticas da educação e da psicologia infantil. O problema me parece quando vão para a prática desses fundamentos e a interpretação mais do que livre de algumas condições tidas como naturais.

Mesmo antes da pandemia, já se sabia que as ameaças mais fundamentais à saúde têm suas raízes nas adversidades vividas pelas crianças sem proteção suficiente de um cuidador. O comportamento, o desenvolvimento, os relacionamentos e a saúde física podem ser afetados por toda a vida devido aos impactos de experiências adversas no desenvolvimento e na neurofisiologia do cérebro, na função imunológica e na expressão gênica. Portanto, uma criação gentil com amor e carinho é essencial na formação dos seres humanos como indivíduos saudáveis.

Lendo o artigo ou vendo o portal, podemos ver orientações como não punir com violência física, acolher os sentimentos e respeitar a criança. Tudo muito muito lógico e coerente, mas não se fala em limites. E todo educador vai falar em limites, pois são importantes para as crianças.

Tem que respeitar o ritmo, a personalidade da criança, mas tudo tem limite. Tem que haver limite para amamentação, tem que haver limite para uso de fralda, para birra, dormir na cama dos pais e para as outras vontades. Evidente que não estamos falando em violência nem em desrespeito, mas sim na colocação de limites.

Explicação para criança funciona, mas tem que ter noção do grau de compreensão que ela possui. Punição é necessária, mas existem várias formas de fazer isso sem usar a violência. Respeito é essencial e deve vir dos dois lados, a criança também precisa aprender a respeitar os amiguinhos, os pais e outros adultos. O problema dos modismos é que, muitas vezes, não são baseados na ciência ou em fatos testados ou observados com suporte teórico adequado. Nesse mundo pós-moderno, onde qualquer pessoa pode ser “influencer”, temos que tomar muito cuidado com as informações que recebemos, principalmente as que se referem à saúde.

Procure sempre se informar quem está dando a informação e qual sua a formação. Procure ver se existem fundamentos científicos e utilize sites relacionados a instituições de ensino e pesquisa confiáveis.

A Fundação José Luiz Egydio Setúbal tem como missão fazer divulgação de material de educação para profissionais de saúde e para o público leigo sobre saúde da criança e do adolescente, contando com profissionais da mais alta qualificação e usando seus canais nas redes sociais, cursos e livros.

Fontes:


Saiba mais:

 

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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mensagem enviada

  • NC disse:

    A criança aprende com Exemplos..
    Ela aprende a respeitar, quando é respeitada.. E aprende a ter limites, quando os seus são primeiramente respeitados pelos adultos.
    Educação Neurocompatível é Vida, Saúde emocional para todos, principalmente para a Criança, que é o ser mais vulnerável em questão. Que a Sociedade comece a enxergar a criança como ela realmente é, através de seu desenvolvimento neurológico e não como “Adultos Mirim”.

  • […] das críticas à criação neurocompatível aponta que os limites podem ser estabelecidos através do […]

  • Ana disse:

    Mas a educação NC é pautada na ciência sim, e a pessoa se chama Márcia Tosin, só pesquisar sobre ela e verá o embasamento cientifico que ela tem. Bom dia!

  • Larissa disse:

    Tem que ter limites para amamentação e dormir na cama dos pais? E qual o embasamento científico para isso? Ou apenas o modismos do achismo do que é feio perante a sociedade?

  • Luciano disse:

    Criação NC é embasada na ciência, é contemporânea e é libertadora para pais e filhos. O fato de quebrar muito paradigma e desbancar uma criação opressora e hierárquica, típica dos anos 80, causa inconformismo nos modelos conservadores.

  • RAYANE MENEZES COELHO PEREIRA LOPES disse:

    Limites para birra??? Birra ou desregulação?
    Será que seu filho não está querendo dizer alguma coisa e não está sabendo se expressar, porque tudo pro adulto preguiçoso é birra!!
    Limite pra amamentação é quando o filho e a mãe decidem quando está na hora, NINGUÉM mais! Limite pra dormir na cama dos pais? Tenho 30 anos e se eu quiser dormir na casa dos meus pais e pedir pra dormir no meio deles, eu durmo! Tão Gostoso S2
    Limite para o uso de fralda? E os sinais de prontidão pro desfralde??? fica onde? Quem determina estar pronto ou não é a CRIANÇA! Esse processo é dela, a gente conduz, usa do lúdico pra ensinar sobre o vaso sanitário, penico, mas eu não obrigo o controle do esfincter, não tenho direito de punir pelos escapes, eu tenho que orientar, conduzir, ensinar e entender que é o desenvolvimento dele e não o meu, tem que ser no tempo dele não no meu.
    Além disso, limites não quer dizer desrespeito, há coisas inegociáveis, como higiene por exemplo, meu filho não quer tomar banho, eu entendo que não queira, digo que é necessário, faço pra escolher uns brinquedos pra darmos banho e vamos juntos pro banheiro, querendo ou não, chorando ou não. Sem gritos, sem violência.
    Quando eu digo NÃO, é NÃO. Explico, converso e sou firme na minha decisão.
    Ele tem 3 anos e os resultados de uma educação respeitosa vêm. Ele é elogiado por onde vai: carinhoso, educado, empático, simpático, comunicativo, sorridente.
    Por favor, desculpa, obrigada, de nada, bom dia, boa tarde, boa noite – fazem parte do cotidiano dele, onde ele vai ele usa essas palavras – COM 3 ANOS DE IDADE. Porque é assim que o tratamos.
    Eles aprendem com EXEMPLO , não com IMPOSIÇÃO!!
    Não adianta exigir algo do seu filho se você não faz.
    Não dá pra ensinar a não bater, batendo… A não gritar, gritando.
    Limites não são apenas para crianças, são para os adultos também! E o que mais os adultos fazem são desrespeitar os limites da criança.
    Meu filho chega num lugar e as pessoas pedem beijo e abraço, se ele quiser ele dá, se ele não quiser eu o digo que não precisa e aviso ao adulto emocionado que ele não está com vontade naquele momento e peço pra respeitar!
    essa coisa de obrigar a criança a beijar e abraçar porque é educado ou porque a tia e o tio pediu e vai ficar triste já é um desrepeito ao limite da criança, o corpo é dela e só pode tocar se e quando ela permitir.
    Respeitar a criança como um individuo, essa é a meta. E vivemos em uma sociedade extremamente intolerante a crianças.
    Postagens como essa só reforçam que crianças tratadas com disciplina positiva, com respeito, de maneira neurocompatível, são crianças sem limites, mimadas e que fazem o que quer…. e está bem longe disso!!!
    Meu filho não faz o quer quer, mas graças ao nosso diálogo e respeito eu não preciso GRITAR NÃO cem vezes para ser atendida. ele me escuta quando eu preciso, e eu o escuto quando ele precisa. via de mão dupla.

  • Viviane. disse:

    Concordo plenamente com seu texto. Como não ensinar limites? Sendo que vivemos em uma sociedade com regras, e as regras são justamente para que os indivíduos nao saim cada um fazendo o quer. Não ensinar hierarquia? Se vivemos em um mundo coorporativo.Realmemte esse modismos ta cada dia pior. Ensinar limites é ensinar respeito e fundamental na vida. Isso nao significa derespeitar a criança e sua individualidade mas ensinar a viver em sociedade pois seu filho não vai ficar em uma bolha.

  • Amanda disse:

    A criação neurocompativel tem muito embasamento científico, o que não tem embasamento é esse discurso de dizer que precisa limitar amamentação, dormir próximo aos pais ou punir crianças!
    Acho que não compreendeu o que realmente significa a NC.

  • Fernanda disse:

    Não cita limites? A criação neurocompativel deixa claro que os limites são saudáveis. É baseada na ciência e não em achismos da educação tradicional que nem sequer enxerga a criança com uma pessoas com deveres e também com direitos. O abuso de poder é extremamente comum na educação tradicional. Nós do movimento neurocompatível acreditanos e nos apoiamos numa educação focada na criança, com muito amor, bons exemplos e respeitamos o desenvolvimento infantil.

  • Joana Lucyk disse:

    Limites… a partir do dia a dia, da vivência experienciada, naturalmente vão se estabelecendo.
    Dr, abrace e acolha sua criança ferida. Permita-se outras realidades, com mais amor, acolhimento e respeito à infância.
    Se dê uma chance de fazer melhor.

    Um abraço fraterno.

  • Thais disse:

    Punição é necessária? Não existe punição não violenta! Punição é violento!!

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