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Quando era criança, me diverti lendo “As Loucas Aventuras do Barão de Münchhausen”. Escritas pelo alemão Rudolf Erich Raspe, no século XVIII, elas relatavam as fantásticas histórias do barão, sempre exageradas e consideradas mentiras. Era um personagem real.
Outro dia, vendo o filme “Fuja” na Netflix, que conta a história de Chloe, uma menina cadeirante, me veio a ideia de escrever sobre a Síndrome de Munchausen.
A Síndrome de Munchausen é uma doença onde o paciente inventa ou exagera os sintomas e, a partir de 1977, Meadow usou o termo “Síndrome de Munchausen por Procuração” para descrever mães que produziam histórias de doenças para seus filhos e que as sustentavam por sinais e sintomas físicos forjados, ou mesmo por exames laboratoriais alternativos. Hoje em dia, o termo foi substituído por Transtorno Factício.
O Transtorno Factício Imposto a Outro (TFIA), anteriormente chamado de Síndrome de Munchausen por Procuração, ocorre quando alguém afirma falsamente que outra pessoa tem sinais ou sintomas físicos ou psicológicos de doença ou causa ferimentos ou doenças em outra pessoa com a intenção de enganar os outros.
Pessoas com esse distúrbio apresentam outra pessoa como doente, ferida ou com problemas funcionais, alegando que é necessária atenção médica. Normalmente, isso envolve um dos pais prejudicando uma criança. Esta forma de abuso pode colocar uma criança em sério risco de ferimentos ou cuidados médicos desnecessários.
TFIA é um distúrbio comportamental relativamente raro. A pessoa com TFIA não parece ser motivada pelo desejo de qualquer tipo de ganho material. Embora os profissionais de saúde muitas vezes não consigam identificar a causa específica da doença da criança, eles podem não suspeitar que os pais ou cuidadores tenham feito algo para prejudicar a criança. Na verdade, o cuidador parece ser muito amoroso e atencioso e extremamente perturbado com a doença de seu filho(a).
Quais são os sintomas da TFIA? Certas características são comuns, incluindo:
Outros possíveis sinais de alerta incluem:
O que leva uma pessoa a ter esse tipo de atitude é desconhecido, mas parece que vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver Transtorno Factício, incluindo:
Diagnosticar TFIA é muito difícil por causa da desonestidade e do problema psicológico que estão envolvidos. Os médicos devem descartar qualquer possível doença física como causa dos sintomas da criança antes que o diagnóstico de TFIA possa ser feito.
O tratamento bem-sucedido é difícil porque aqueles com o distúrbio geralmente negam que haja um problema. Além disso, o sucesso do tratamento depende de a pessoa dizer a verdade, e as pessoas com TFIA tendem a ser mentirosas tão talentosas, que começam a ter dificuldade em distinguir fatos de ficção.
A psicoterapia (um tipo de aconselhamento) geralmente se concentra em mudar o pensamento e o comportamento do indivíduo com o transtorno (terapia cognitivo-comportamental). O objetivo da terapia para TFIA é ajudar a pessoa a identificar os pensamentos e sentimentos que estão contribuindo para o comportamento e aprender a formar relacionamentos que não estejam associados a estar doente.
Apesar de raro, temos vários casos, alguns bem graves todos os anos no Sabará Hospital Infantil. Muito triste, mas é a realidade com que nós, profissionais de saúde, precisamos lidar e ter o tato e a sabedoria de saber compreender e tentar solucionar da melhor maneira para o bem da criança.
Fontes:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/ccs/sindrome_munchausen_procuracao.pdf
https://www.webmd.com/mental-health/munchausen-by-proxy
Filme:
mensagem enviada
Olá, Dr José Luiz Setúbal!
Gostei muito do que escreveu sobre o Transtorno Factício!
Perdoe minha observação. Sou psicóloga clínica e gostaria de apontar que psicoterapia está longe de ser “um tipo de aconselhamento”, como o senhor colocou no texto. Espero que nao não me leve a mal.
Parabéns pelo bom texto. Obrigada!
Prezado Dr Jose´Luiz Setúbal
Assisti o filme que mencionou. É muito triste, mesmo! Estou assistindo a série The act, que trata deste assunto e foi baseado em fatos reais.
At.te