PESQUISAR
Neste 11 de abril, comemoramos o Dia do Infectologista e parabenizamos todos estes profissionais, essenciais no combate à pandemia de covid-19. A doença, provocada pelo vírus SARS-CoV-2 e suas variantes, capaz de gerar complicações respiratórias graves, já provocou a morte de cerca de 3 milhões de pessoas em todo o mundo e mais de 340 mil no Brasil.
“Ser infectologista sempre é estar pronto e preparado para enfrentar o desconhecido”, afirma o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior, do Sabará Hospital Infantil. A rotina inclui não só estar preparado para lidar com novas doenças, com a covid-19, mas com velhas conhecidas que podem reaparecer, como foi o caso do surto de sarampo de 2019 e o aparecimento da febre amarela, frequente no Norte do país, na região Sudeste.
“Desde 2020, com a pandemia, a ameaça de um novo vírus desconhecido em grande parte, reforçou mais ainda essa necessidade de estar pronto para aprender, para estudar, para deixar pra trás aquilo que você aprendeu, porque a verdade mudou. Ser infectologista também é estar pronto para entender que não existem verdades absolutas, que a ciência é muito dinâmica e que a cada dia a gente está aprendendo coisas novas”, complementa Ivanildo.
Os infectologistas atuam na compreensão dos mecanismos do novo coronavírus e na adoção de maneiras de evitar sua disseminação. O trabalho envolve desde a administração de vacinas até ações preventivas e de manejo da doença.
O impacto da pandemia na rotina de infectologistas foi brutal, diz Ivanildo, tanto para os que estão na linha de frente, no atendimento em UTIs e pronto-socorros, como é o caso dele, como de profissionais dedicados ao controle de infecção com medidas de prevenção, ações educativas e saúde ocupacional. “A gente tem preocupação não só com os pacientes, mas com os trabalhadores da área da saúde também. Isso exige uma dedicação diária”, afirma. “A gente não tem conseguido se desligar, tem sido extremamente exaustivo, mas ao mesmo tempo muito recompensador quando a gente vê que aquilo que a gente tá fazendo faz diferença”.
Os infectologistas são especialista no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças infecciosas causadas por vírus, bactérias, fungos ou outros microorganismos. Para além da covid-19, gripes, meningite, sinusite, bronquite, pneumonia, hepatites, doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose, febre amarela, infecções da pele e dos ossos estão entre as doenças mais recorrentes. Pacientes com essas enfermidades acabaram sentindo também sobrecarga do serviço de saúde por conta da pandemia.
“Tanto na primeira fase quanto agora o que a gente percebeu é que pacientes com doenças infecciosas crônicas, como Aids, micoses profundas, aquelas doenças que têm evolução crônica, prolongada, muitas vezes por medo, preocupação ou por alteração no esquema de funcionamento nos serviços onde são atendidos, eles tiveram um atendimento abaixo daquilo que era necessário. Os serviços sobrecarregados não conseguiram dar toda a atenção necessária”, conta o infectologista.
O impacto da sobrecarga do sistema não se restringe a doenças infecciosas, ressalta Ivanildo, mas também abrange pacientes que tratam câncer ou doenças mentais por exemplo. Além, disso, ele pontua que pessoas saudáveis sofreram profundo impacto emocional, desenvolvendo ou agravando problemas como ansiedade, insônia, distúrbios comportamentais. Entre os fatores, estão a sobrecarga de informações verdadeiras e falsas, a chamada infodemia, e a perda de núcleos familiares para a covid-19. “A gente, infelizmente tem a oportunidade de testemunhar famílias que foram literalmente devastadas”, lamenta o médico.
História
O Dia do Infectologista, instituído em 2005, marca a data de nascimento de Emílio Ribas (1862-1925), um dos médicos pioneiros na atuação contra as doenças infecciosas no Brasil.
Na época de Ribas, a infectologia ainda não existia enquanto uma especialidade. Ele e outros grandes médicos que marcaram o combate a epidemias na história do país, como Carlos Chagas, Adolfo Lutz, Vital Brasil e Oswaldo Cruz, eram denominados sanitaristas ou epidemiologistas. “Essa divisão de especialização não era uma coisa comum que existia no século passado, no início do século 20”, conta Ivanildo. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), por exemplo, surgiu mais de 50 anos após a morte de Ribas, na década de 1980.
A atuação de Emilio Ribas teve destaque no combate à febre amarela. Por meio de seu trabalho, foi possível comprovar que a doença era transmitida por um mosquito, e não entre pessoas. Ribas foi por cerca de 20 anos diretor do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo. A primeira pessoa vacinada contra a covid-19 no Brasil trabalha no instituto que leva o nome dele, uma das maiores instituições especializadas em doenças infecciosas da América Latina.