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A filantropia e a ajuda à ciência nesta pandemia
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A filantropia e a ajuda à ciência nesta pandemia

A filantropia e a ajuda à ciência nesta pandemia

19/06/2020
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A filantropia através dos tempos tem sido responsável, principalmente em países de cultura anglo-saxã, por contribuições importantes para melhoria da educação, da arte e da ciência. São inúmeros exemplos de bibliotecas, museus, universidades e centros de pesquisas nos Estados Unidos e Inglaterra além de outros de países que receberam generosas doações de famílias abastadas.

Nesta pandemia o que tem se visto pelo mundo todo é uma rede de solidariedade com doações em profusão para ajudar não só os sistemas de saúde dos países, como também as populações carentes. Gigantescas doações têm sido realizadas para o desenvolvimento de vacinas e de medicamentos que sejam eficazes contra a Covid-19 e desta maneira talvez tenhamos resultados nunca vistos na história da humanidade.

O fundador do Alibaba, Jack Ma, doou US$ 14 milhões para a pesquisa de coronavírus, enquanto a Fundação Bill & Melinda Gates comprometeu até US$ 100 milhões para a resposta global ao Covid-19, incluindo financiamento para acelerar o desenvolvimento de vacinas. Somente nos EUA, os Institutos Nacionais de Saúde, os centros federais de pesquisa, conseguiram US$ 1,8 bilhão em financiamento adicional do governo para o trabalho da Covid-19, incluindo investigações de vacinas.

Mas os dólares de caridade ainda podem desempenhar um papel crucial. Os consultores de filantropia dizem que os doadores estão livres dos encargos políticos que muitas vezes dificultam os formuladores de políticas e dos lucros que influenciam as empresas (mesmo que, como na vacina Covid-19 da J&J, os executivos afirmem que um movimento em particular é sem lucro).

Isso pode permitir aos filantropos apoiar pesquisas de longo prazo e reunir grupos díspares de parceiros, incluindo universidades, laboratórios de pesquisa e outros doadores.

Um exemplo é a Open Philanthropy, onde os principais financiadores são Cari Tuna e seu marido e co-fundador do Facebook, Dustin Moskovitz. A fundação concede doações a centros de pesquisa de vacinas em todo o mundo, como um prêmio de mais de US$ 11 milhões em 2017 para apoiar pesquisas no Instituto de Design de Proteínas da Universidade de Washington para o desenvolvimento de uma vacina universal contra influenza.

A filantropia é particularmente importante no desenvolvimento de vacinas porque as empresas farmacêuticas têm dificuldade em obter um retorno financeiro dos grandes investimentos necessários a longo prazo. A Fundação Bill & Melinda Gates, que desde o início comprometeu mais de US$ 18 bilhões com a descoberta, desenvolvimento e entrega de vacinas para a Malária, que apesar de ser responsável por centenas de milhares de mortes por ano, ainda não possui vacina eficaz.

“Não temos problemas de malária nos países ricos porque temos profilaxia eficaz: se você visitar uma zona de malária, poderá tomar pílulas e não sofrerá a doença”, diz ele. “Portanto, não há incentivo para o setor privado investir bilhões de dólares necessários para subscrever uma nova vacina.” diz Mark Suzman, executivo-chefe da Fundação Bill & Melinda Gates.

Os doadores financiam os estágios iniciais e mais arriscados da jornada de vacinas da academia, laboratórios governamentais e empresas de biotecnologia para testes pré-clínicos e garantem que eles atendam aos padrões regulatórios necessários para entrar nos ensaios clínicos. É aí que a filantropia pode ter um impacto enorme, pois pode assumir este risco. É o que costumo chamar de Filantropia de Risco.

Entre nós, contamos com algumas instituições como o Instituto Serapilheira e há poucos dias o Hospital Albert Einstein também anunciou o desenvolvimento de um teste rápido para diagnóstico de Covi-19. Temos também a Universidade de São Paulo (USP) e um grupo do Rio de Janeiro desenvolvendo estudos para vacinas e foram doados mais de R$ 5 bilhões, sendo que uma parte foi destinada a pesquisa.

Como instituidor de uma Fundação que tem como propósito “uma infância saudável para uma sociedade melhor” e que uma das premissas está a pesquisa médica e faz isso através do Instituto PENSI, fico muito feliz por achar que estamos no caminho certo, embora em outra dimensão.

Fontes e para saber mais:

  1. Philanthropists play a crucial role in developing vaccines
  2. https://www.openphilanthropy.org/
  3. https://www.gatesfoundation.org/
  4. https://milkeninstitute.org/
  5. Serrapilheira financia pesquisa sobre avanço do coronavírus no RS
Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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