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Alto risco de transtornos mentais em crianças transgêneros
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Alto risco de transtornos mentais em crianças transgêneros

Alto risco de transtornos mentais em crianças transgêneros

01/05/2018
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Não passava pela cabeça de meus professores de pediatria no final dos anos setenta e início dos oitenta se preocupar com crianças com dificuldade de orientação sexual. Hoje, isso é uma das grandes preocupações da pediatria atual, a ponto de numa reunião anual da Academia Americana de Pediatria dedicar uma série de palestras em sua Conferencies de Chicago em outubro de 2017. Passou a ser tema de novela e discussões acaloradas sobre o assunto estão na imprensa leigas e nos jornais de medicina.

O título deste artigo pode parecer óbvio e terá aqueles que consideram que os problemas mentais vieram antes e por isso a criança terá problemas. Mas também haverá aqueles que dirão que o problema de adaptação ao gênero que levará aos transtornos. Mas isso é uma discussão interminável.

À medida que a identidade de gênero se desenvolve, ela pode não corresponder ao gênero de criação ou ao gênero atribuído no nascimento, que são tipicamente baseados na aparência da genitália externa. Quando a identidade de gênero difere da designada ao nascimento, os termos gênero diferente ou não-conformidade de gênero podem ser aplicados. Embora a história natural de não-conformidade de gênero apresentada na infância continue sendo uma área de pesquisa em andamento, algumas crianças não-conformes podem adotar uma identidade diferente de seu gênero atribuído (10% a 30%, segundo estimativas relatadas). Pesquisadores em estudos de desenvolvimento de gênero na população em geral apoiam que o comportamento tipificado por gênero é perceptível e estável entre 3 e 8 anos de idade, especialmente em crianças com comportamento típico de gênero relativamente alto ou baixo. Os indivíduos podem identificar como transgênero, um termo que se refere mais estreitamente àquela cuja identidade é “oposta” ao gênero atribuído. Por outro lado, os indivíduos que se identificam com o gênero atribuído a eles no nascimento são às vezes referidos como cisgênero.

Uma prioridade importante para a saúde de crianças e adolescentes transgêneros e / ou não-conformes de gênero (TGNC) é a identificação e o gerenciamento de condições de saúde mental. Essas condições podem estar relacionadas à disforia de gênero, que é definida como um sentimento de angústia quando o gênero atribuído não corresponde à sua identidade. Além disso, crianças com comportamento de não-conformidade de gênero podem sofrer estresse por preconceito e discriminação por fazerem parte de um grupo minoritário, o que pode criar ou exacerbar problemas emocionais e comportamentais.

Um grande estudo de base populacional publicado na revista Pediatrics de maio de 2018 encontrou alta prevalência de transtornos de ansiedade, depressão e déficit de atenção entre crianças e adolescentes transgêneros e sem gênero.

No estudo, “Saúde mental de jovens transgêneros e não-congruentes em comparação com seus pares”, os pesquisadores usaram registros médicos eletrônicos para identificar uma coorte com 1333 crianças e adolescentes, sendo que quase 600 eram transfemininas e pouco mais de 700 crianças transmasculinas (de três a nove anos) e adolescentes (de 10 a 17 anos) inscritos em sistemas integrados de cuidados de saúde na Califórnia e na Geórgia, nos EUA. Crianças <10 anos representaram 27% da coorte transfeminina e 12% da coorte transmasculinas. Em comparação com crianças TGNC, em que 36%) eram transfemininas, 61% de adolescentes eram transmasculinas.

Em quase todos os casos, os diagnósticos de saúde mental foram várias vezes maiores entre os jovens transgêneros / não-conformes de gênero do que entre os grupos de referência combinados.

Os diagnósticos mais comuns em geral foram transtorno de déficit de atenção e transtorno depressivo, este maior em meninos. Divididos por faixa etária, as crianças com não-conformidade de gênero tendem a ter uma maior prevalência de transtornos de ansiedade e déficit de atenção. No grupo de adolescentes, os transtornos de déficit de atenção e transtornos de ansiedade foram similarmente comuns, mas a categoria de diagnóstico com a maior prevalência nesse grupo etário foi transtornos depressivos.

O mais preocupante, disseram os autores, foi a alta frequência de pensamentos suicidas e autolesões entre os adolescentes transgêneros / não-conformes de gênero, destacando a importância de avaliações imediatas e intervenções para ajudar a salvar vidas.

Saiba mais sobre estes assuntos em artigos do nosso blog:

 

Autor: Dr. José Luiz Setúbal

Fonte: Pediatrics June 2017

Variations in Cause-of-Death Determination for Sudden Unexpected Infant Deaths

Carrie K. Shapiro-Mendoza, Sharyn E. Parks, Jennifer Brustrom, Tom Andrew, Lena Camperlengo, John Fudenberg, Betsy Payn, Dale Rhoda

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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