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Não sei quantas vezes falamos deste assunto neste Blog, ou em Seminários e Congressos do Instituto Pensi e do Sabará Hospital Infantil. Apesar disso, de todas as campanhas em mídia e de esclarecimentos a obesidade infantil continua a aumentar, tanto nos EUA como no Brasil.
Nos últimos 30 anos, o Brasil reduziu significativamente a desnutrição infantil, mas ironicamente o problema coexiste hoje com a obesidade. Fenômeno recente de insegurança alimentar e nutricional pode se expressar na população independentemente de sexo, idade, raça ou classe social. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 15% das crianças com idade entre cinco e nove anos têm obesidade. Uma em cada três não chegaram ao nível da obesidade, mas estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde.
A obesidade passou a ser vista como uma epidemia. Em 2010, 17,8% da população brasileira era obesa; em 2014, o índice chegou aos 20%, sendo a maior prevalência entre as mulheres, 22,7%. Outro dado é o aumento do sobrepeso infantil. Estima-se que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas, com 7,7%.
A maioria dos programas de prevenção da obesidade infantil se concentra em crianças mais velhas, apesar do fato de que mais da metade das crianças com excesso de peso ou obesidade ficaram acima do peso antes dos dois anos de idade.
Nova pesquisa mostra que a epidemia de obesidade infantil nos Estados Unidos não está diminuindo, como sugeriram algumas pesquisas anteriores. De acordo com um estudo publicado na Pediatrics de março de 2018, “Prevalência de Obesidade e Obesidade Grave em Crianças dos EUA, 1999-2016”, as taxas de sobrepeso e obesidade aumentaram em todas as faixas etárias entre crianças de dois a dezenove anos.
As taxas geralmente aumentaram com a idade, com 42% dos adolescentes tendo obesidade entre os 16 e 19 anos de idade. Os pesquisadores usaram os dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição para calcular o índice de massa corporal específico da idade e do sexo, com classificações atualizadas da obesidade, das medidas de altura e peso realizadas durante os exames físicos. Essa abordagem revelou tendências mais matizadas, segundo autores do estudo, incluindo taxas de obesidade grave, subgrupos de idade mais específicos e contexto de longo prazo.
Especial preocupação, segundo os autores, continuaram as disparidades raciais e étnicas – especialmente nas categorias de peso mais extremas. As crianças brancas e asiáticas, por exemplo, apresentaram taxas significativamente mais baixas de obesidade do que crianças hispânicas e negras. Examinando as tendências a curto prazo, bem como a longo prazo, os pesquisadores também encontraram um aumento acentuado da obesidade desde 2015-16 entre crianças de dois a cinco anos, especialmente meninos.
Os autores do estudo disseram que, apesar do foco intenso de saúde pública e clínica na obesidade e nos comportamentos relacionados ao peso na última década, os resultados sugerem que esses esforços ainda conseguiram neutralizar as forças ambientais que alimentam o excesso de peso em crianças, pelo menos em escala nacional. Eles pedem recursos amplamente divulgados e pesquisas adicionais sobre os fatores que contribuem para a obesidade infantil.
Saiba mais sobre o tema:
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/obesidade-e-10-riscos-de-doencas/
https://institutopensi.org.br/?s=obesidade
Autor: Dr. José Luiz Setúbal
Fonte: Pediatrics – February 2018
February 2018
Epidemic Childhood Obesity: Not Yet the End of the Beginning
David S. Ludwig
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.