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O Boletim Epidemiológico: Vigilância em Saúde no Brasil 2003 -2019 mostrou que, no período de 2003 a 2017, verificou-se incremento da taxa de incidência de sífilis congênita de 1,7 para 8,6 casos por mil nascidos vivos. Isso significa que, em 2017, a taxa de recém-nascidos com a doença foi 5 vezes maior que em 2003. Outro dado que chama atenção é a taxa de detecção da doença em gestantes, que passou de 0,5 para 17,2 casos por mil nascidos vivos no período de 2005 a 2017.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima a ocorrência de mais de um milhão de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) por dia, no mundo, entre elas, clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase. A sífilis afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças.
No Brasil, nos últimos cinco anos, foi observado um aumento constante no número de casos de sífilis em gestantes, congênita e adquirida, que pode ser atribuído, em parte, pelo aumento da cobertura do diagnóstico, com a ampliação do uso de testes rápidos, redução do uso de preservativo, resistência dos profissionais de saúde à administração da penicilina na Atenção Básica, desabastecimento mundial de penicilina, entre outros. Além disso, o aprimoramento do sistema de vigilância pode se refletir no aumento de casos notificados, em virtude da abordagem conjunta adotada.
O relatório mostra que ainda há muitos desafios quanto à integração entre Vigilância em Saúde e Atenção Básica, organização das Rede de Atenção à Saúde (RAS) para assistência a crianças expostas à sífilis e com sífilis congênita, acesso das populações-chave a serviços de saúde, como pré natal, promoção de ações de informação, comunicação e educação em saúde, intersetorialidade, entre outros aspectos para fortalecimento da vigilância, da prevenção e do controle da doença.
Além da sífilis, a AIDS também preocupa. Hoje os efeitos mais graves da epidemia de AIDS no Brasil recaem sobre os adolescentes. Entre 2004 e 2015, o número de novos casos entre meninos e meninas de 15 a 19 anos aumentou 53%. O município de São Paulo receberá certificação, neste ano, pela erradicação vertical do HIV, quando o vírus é transmitido durante a gestação, parto e amamentação. No Paraná, as cidades de Curitiba e Umuarama foram as primeiras a serem certificadas em 2017 e 2019, respectivamente.
Muito triste ver como anda a atenção básica de doenças facilmente evitáveis como sífilis, sarampo, entre outras por total descaso de nossos governantes. Vamos jogando fora nossos cidadãos sem dar oportunidade de uma vida produtiva e decente, enquanto isso nossos legisladores continuam pensando em causa própria gastando fortunas para a manutenção de um sistema perverso de preservação da desigualdade.
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