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Com o crescimento descontrolado do mercado ilícito, comprovadamente acessível a cerca de 4 milhões de brasileiros que utilizam diariamente um produto sem qualquer controle de qualidade e que pode ser encontrado praticamente em qualquer esquina, os cigarros eletrônicos ou vapes foram, mais uma vez, proibidos no país.
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu, por unanimidade, em meados de abril, manter a proibição da fabricação, importação e comercialização desses produtos. A decisão dos diretores acompanhou o parecer emitido pela área técnica da agência e da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais da Saúde (Conasems), que opinaram contra a liberação do produto.
O relator da proposta indicou uma série de recomendações para criar uma espécie de política pública de combate a esses dispositivos eletrônicos, incluindo a possibilidade de que o tema esteja na grade curricular dos ensinos fundamental e médio. A proibição impede até mesmo que viajantes tragam cigarros eletrônicos na bagagem. Usuários também estão proibidos de fumar esses cigarros em ambientes coletivos fechados.
O tema já foi analisado pela Anvisa anteriormente. Em 2009, a agência decidiu pela proibição da comercialização, importação e propaganda do produto. Dez anos depois, em 2019, foi aberto um processo regulatório sobre o tema.
Os cigarros eletrônicos são dispositivos portáteis, projetados para fornecer emissões de vapor para inalação, funcionando por meio do aquecimento de uma solução que, normalmente, contém nicotina e outros produtos químicos como um aromatizante. Esses dispositivos foram inicialmente lançados como uma ferramenta para parar de fumar, pois supostamente causavam menos danos à saúde do que o cigarro convencional.
Os cigarros eletrônicos tornaram-se amplamente disponíveis na América do Norte e Europa por volta do ano 2000. Muitos dos primeiros modelos de dispositivos pareciam com os cigarros tradicionais e tinham apelo limitado para os jovens. No entanto, ocorreu um primeiro aumento na popularidade da vaporização entre os jovens por volta dos anos 2013 e 2015, alimentado pela percepção de baixo risco, agressivas campanhas de publicidade dirigidas a essa população e a proliferação de dispositivos semelhantes a canetas, que oferecem uma ampla gama de sabores de frutas e adocicados.
Um segundo aumento da popularidade ocorreu entre 2017 e 2019, quando dispositivos menores, semelhantes a pen drives, chegaram ao mercado. O design discreto e moderno permitiu que crianças e adolescentes utilizassem os cigarros eletrônicos sem serem notados, pois outra característica é a quase ausência de odores nos vapores expelidos após a inalação.
Em 2022, os cigarros eletrônicos continuaram sendo o produto do tabaco mais comum usado por alunos do ensino médio dos Estados Unidos (16,5%) e do ensino médio (4,5%) nos últimos 30 dias. E mais de um quarto (27,6%) dos atuais jovens usuários de cigarros eletrônicos afirmam que usam um produto de cigarro eletrônico todos os dias.
Em 2019, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA começaram a investigar um surto de lesão pulmonar associada ao uso de cigarros eletrônicos ou vaporização (EVALI) ou lesão pulmonar associada à vaporização (VAPI). Até fevereiro de 2020, ocorreram mais de 2,8 mil hospitalizações e 68 mortes por EVALI nos Estados Unidos.
Como sempre dizemos, não basta termos as leis, as políticas públicas. Precisamos ter a vigilância, o controle da lei. Se a ANVISA proíbe a comercialização, o uso e a entrada do cigarro eletrônico, não se pode permitir que se venda nas bancas de jornais, nos ambulantes, na internet etc. Pela saúde dos nossos jovens e da nossa população, esperamos que a medida seja cumprida.
Fontes:
https://institutopensi.org.br/o-perigo-dos-cigarros-eletronicos/
Seção da Academia Americana de Pediatria sobre Prevenção e Tratamento de Nicotina e Tabaco (Copyright © 2023)
Saiba mais:
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/fumar-esta-na-moda/