PESQUISAR

Sobre o Centro de Pesquisa
Sobre o Centro de Pesquisa
Residência Médica
Residência Médica
Crianças no vão livre do MASP
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp
Crianças no vão livre do MASP

Crianças no vão livre do MASP

12/04/2022
  2541   
  1
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp

Li outro dia sobre crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos, que estavam usando o vão livre do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Como patrono do museu, deveria ficar feliz, afinal, crianças e adolescentes estariam utilizando o museu como fonte de aprendizado, cultura e educação. Mas, infelizmente, não é nada disso. É mais um desses sinais da imensa desigualdade do nosso país e da nossa cidade. Essas crianças estavam usando o vão livre como moradia, sem o cuidado de responsáveis ou adultos para supervisioná-los.

No final de março, o Ministério Público de São Paulo abriu inquérito, a partir de um pedido do próprio Masp, para apurar a situação desses menores e cobrar medidas de proteção ao grupo. Pelo que foi apurado pelos assistentes sociais da Prefeitura de São Paulo que acompanham o caso, muitos desses menores têm moradia fixa e familiares, mas “preferem a liberdade da rua”. Alguns também teriam vindo de lares com alta vulnerabilidade social ou de contextos abusivos. A situação piorou durante a pandemia (como todo o país) e, claramente, as famílias mais vulneráveis foram as que mais sofreram.

A administração do museu alertou o Ministério Público de que ‘as ações do grupo parecem se tornar gradativamente violentas’. Com o uso de drogas, alguns menores têm praticado pequenos furtos e roubos na avenida, levando carteiras, bolsas e até bicicletas.

Eles estão acampados no vão livre do Masp em barracas e dormem no chão forrado com papelão. Pedem comida e dinheiro ao longo da Avenida Paulista e vendem caixas de bala ou chocolate para ganharem algum trocado.

Pelo que foi apurado, alguns viviam antes na zona leste da capital e outros vieram de cidades como Franco da Rocha e Praia Grande. Eles relatam que não querem sair porque ‘a Paulista dá dinheiro’ e não vão voltar para a área de onde vieram, segundo um conselheiro tutelar.

Segundo dados da Prefeitura de São Paulo divulgados em janeiro deste ano, a população em situação de rua na capital cresceu 31% entre 2019 e 2021. Ao todo, a administração municipal estima que cerca de 32 mil pessoas estão morando pelas ruas e viadutos da cidade.

No inquérito civil aberto pela Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Capital, o MP cita os direitos garantidos pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), dentre os quais estão a moradia, a segurança, a educação, a saúde e o convívio familiar. O Ministério Público deu 15 dias para que órgãos como a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, o Conselho Tutelar da Bela Vista, a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Guarda Civil Metropolitana informem quais medidas de proteção e cuidado estão sendo tomadas com o grupo.

A Prefeitura informa que orientadores socioeducativos do Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas) realizam abordagens diárias às crianças e aos adolescentes em situação de vulnerabilidade em todas as regiões da cidade. Eles são encaminhados para serviços socioassistenciais como unidades do Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saica), unidade do Família Acolhedora.

Não é um problema simples de solucionar, mas certamente não é um problema de polícia e não será resolvido em 15 dias. Problemas complexos exigem soluções complexas e demoradas e, nesse caso, envolvem mudanças estruturais no Brasil, com melhorias na nossa assistência social, distribuição de renda, educação, saúde, etc. Precisaríamos mudar, e muito, as cabeças dos nossos políticos dos três poderes e dar ênfase na diminuição das desigualdades sociais, regionais e aí iniciar a construção de uma nação da qual teríamos orgulho de viver.

 

Fonte:
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,criancas-e-adolescentes-dormem-no-vao-livre-do-masp-mp-abre-inquerito,70004027048

Saiba mais:
https://institutopensi.org.br/a-pandemia-e-a-desigualdade-estao-afetando-as-criancas/
https://institutopensi.org.br/os-primeiros-1000-dias-na-vida-de-uma-crianca-a-grande-diferenca-esta-aqui/
https://institutopensi.org.br/um-modelo-que-pode-ajudar-as-criancas-no-brasil/

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

deixe uma mensagem O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

mensagem enviada

posts relacionados

INICIATIVAS DA FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL
Sabará Hospital Infantil
Pensi Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil
Autismo e Realidade

    Cadastre-se na nossa newsletter

    Cadastre-se abaixo para receber nossas comunicações. Você pode se descadastrar a qualquer momento.

    Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade de Instituto PENSI.