PESQUISAR
Acredito que muitas crianças de classe média conhecem o tigre Tony, o tigre que é usado pela Kellogg’s para anunciar seus flocos de milho, assim como seu colega Chester Cheetah, o personagem associado aos salgadinhos Cheetos, ou as embalagens do achocolatado Nesquik e seu coelhinho agitado da Nestlé.
Todos estes elementos que encantam as crianças foram proibidos pelo governo do Chile em sua luta contra a obesidade, sobretudo a infantil, com uma nova política de rotulagem. Desde que a lei de alimentação entrou em vigor, há dois anos, ela vem forçando multinacionais como a Kellogg’s a remover os personagens que enfeitam as caixas de seus cereais açucarados, e proibiu a venda de doces como os ovos Kinder, que usam brindes para atrair os consumidores menores de idade. A lei também proíbe a venda de junk food, como sorvetes, chocolates e batatas chips nas escolas chilenas, e proíbe publicidade desse tipo de produto em programas de TV e sites dirigidos a audiências jovens.
A obesidade e o sobrepeso vêm aumentando no Brasil e em toda a América Latina e Caribe, com um impacto maior nas mulheres e uma tendência de crescimento entre as crianças, segundo relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) divulgado em 2017.
O documento “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe” aponta que mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e a obesidade já atinge 20% das pessoas adultas no país, enquanto 58% da população latino-americana e caribenha estão com sobrepeso, num total de 360 milhões de pessoas, e a obesidade afeta 140 milhões, ou 23% da população regional. O relatório aponta também que na América Latina e Caribe 7,2% das crianças menores de cinco anos estão com sobrepeso, o que representa um total de 3,9 milhões, sendo que 2,5 milhões moram na América do Sul, 1,1 milhão na América Central e 200 mil no Caribe.
A partir de agora os alimentos que podem causar problemas para a saúde vem com um sinal preto que indica alto teor de açúcar, sal, calorias e gordura. O governo chileno, diante de uma disparada nos índices de obesidade, declarou guerra aos alimentos insalubres, impondo numerosas restrições de marketing, mudanças obrigatórias nas embalagens, e regras de identificação de produtos que têm por objetivo alterar os hábitos de alimentação dos 18 milhões de habitantes do país.
Esta medida está sendo considerada pelos especialistas como a mais ambiciosa tentativa no mundo de redesenhar a cultura alimentar de um país, e pode se tornar um modelo de como reverter a epidemia mundial de obesidade, que, segundo pesquisadores, contribui para quatro milhões de mortes prematuras a cada ano.
No Brasil, os rótulos seguem regras determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que, em 2003, tornou obrigatória a inclusão de determinadas informações nutricionais nas embalagens de quase todos os alimentos disponíveis no mercado. Porém, mais de uma década depois, experiências internacionais e evidências científicas mostram que apenas isso não é mais suficiente.
Sem dúvida, foi uma medida corajosa do governo chileno enfrentar multinacionais tão grandes como as fabricantes de refrigerantes, salgadinhos e alimentos industrializados de maneira geral. Algumas medidas tímidas também foram tomadas no Brasil nos últimos anos, como redução de sal e de outros elementos que fazem mal à saúde, mas muito ainda precisa ser feito.
Calcule o IMC de seu filho e veja as orientações do Sabará Hospital Infantil: http://www.hospitalinfantilsabara.org.br/portal-do-paciente-e-da-familia/calculadora-de-imc-infantil/
Saiba mais:
Consumo de bebidas açucaradas no 2º trimestre da gravidez e a obesidade
Estilo de vida – como prevenir a obesidade
Frente a frente com os rótulos das embalagens de alimentos
Fontes:
https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/sobrepeso-obesidade-em-alta-no-brasil-diz-onu-20819122
https://idec.org.br/campanha/rotulagem
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 22 de novembro de 2024