PESQUISAR
Por Valdir Cimino
Os contos nos influenciam e são de grande valia para aspecto moral das crianças
Contar uma história é a passagem para o mundo mágico, onde cada segredo revelado traz a possibilidade da realização de milagres. Podemos, inclusive, afirmar que a força de um bom conto tem o poder de solucionar dificuldades, harmonizar ambientes e dar continuidade à história do mundo.
Desde que o homem se reconhece como ser humano Homo sapiens (“homem sábio”, em latim), único da espécie a possuir cérebro altamente desenvolvido, com capacidades múltiplas associadas à mente e ao corpo, contextualiza em introspecções, reflexões, raciocínio abstrato. Ele tem a linguagem como ferramenta para transformar desde os tempos mais remotos: a conquista, o respeito e a veneração dos seus semelhantes.
Na Idade Média, o contador de história era sempre bem-vindo e respeitado em toda parte pelo prazer que as seus contos proporcionavam, sendo eles recitados, cantados, declamados, encantavam e envolviam de reis, príncipes e princesas às classes mais populares. De aldeia em aldeia os trovadores, os segréis, os jograis, os bardos e os menestréis obtinham admiração popular e, assim, pouco a pouco, até hoje, a civilização global tem utilizado a história como veículo para eternizar verdades, conservando assim as tradições e promoção de novas ideias.
Não há como ignorar a influência poderosa que as histórias têm exercido em todas as reformas sociais que a humanidade tem vivenciado. O “Era uma vez…”, palavras, proferidas dentro da forma clássica, representam eficiente recurso para estimular a imaginação da criança, afastando-a das distrações e garantindo ao interlocutor a importância da história, como recurso positivo no processo formativo e ao mesmo tempo informativo.
A importância da história decorre de sua universalidade; de sua influência; dos recursos que oferece aos educadores, pais, avós, etc. e dos benefícios que poderá proporcionar à existência sustentável da humanidade.
As histórias ficam gravadas em nossas mentes e corações, o conhecimento e ensinamentos passam a fazer parte do patrimônio moral e social dos seres que as vivenciam. Nas situações do dia a dia, muitas vezes, deparamos com cenas idênticas, e assim somos levados a agir de acordo com a experiência; somos espelho para o outro e o outro também passa a ser nosso espelho.
A experiência tem provado que pais e educadores bem orientados, empregam a história como meio eficaz para ensinar bons costumes, promover ética e valores, corrigir falhas na formação do caráter e premiar atitudes nobres e justas.
A história é um grande divertimento para o espírito, principalmente se o narrador se preparar para o ato. Há de ter um bom início, com a apresentação do perfil dos personagens e o âmbito onde atuaram; um ponto culminante em que a vida e o inesperado se digladiam, a fim de conquistar e cativar a audiência, com um desfecho imprevisível, agradável, que proporcione o alívio da tensão emocional.
Para completar a diversão, o uso de teatrinho de fantoches, sombra, origamis e dramatização espontânea, fortalece a empatia com audiência.
As histórias podem educar crianças, moços e velhos, elas ficam guardadas no tempo e na memória e podem servir como uma lição, uma advertência ou como um conselho.
O conto é elemento de primeira grandeza na educação da criança e o uso intencional dele, pode auxiliar e despertar o desejo de praticar o bem, de cuidar de sua existência, fortalecendo conceitos e ensinamentos sobre higiene corporal, alimentação, prevenção da saúde e do meio ambiente. Além de resgatar a importância da educação e o cuidado com a conservação das escolas e dos livros.
Os aspectos educativos visam com as histórias a expansão da linguagem, já que enriquecem o vocabulário, a expressão e a articulação; estimulam a criatividade, imaginação e inteligência; alargam horizontes e ampliam o conhecimento; socializam e identificam os âmbitos e encontros; por meio da imitação de bons exemplos e situações decorrentes das histórias, valorizam a diversidade, as diferenças individuais e cultivam a memória de uma sociedade.
Para Monteiro Lobato a Aritmética, entendida por meio de cálculos e frações, fez-se mais compreendida sob a forma de história. Já Julio Verne encantou e encanta até hoje uma legião de adolescentes, o próprio Santos Dumont o teve como inspiração para a criação e construção do avião.
A história passa a ser elemento essencial no desenvolvimento intelectual e na linguagem infantil, instrui e facilita a aquisição de novos conhecimentos, a partir de cenas da vida real, educacional, doméstica e lazer. Desenvolve o gosto artístico, observado nas artes cênicas, e a educação religiosa dos povos.
Os contos exercem ações benéficas sobre o corpo e a mente humana. Muitas pessoas enfermas passam a se sentir melhores quando no tratamento médico e tecnológico, agrega-se uma boa história, e isto é acolhimento humanizado.
No caso de uma criança adoecida, sempre existe espaço para o mundo do “faz de conta”, a história canaliza a imaginação e tudo que é estático pode se transformar em dinâmico. Um brinquedo pode ganhar vida, falar, pensar e se expressar.
Brinquedos tem o poder de contar histórias e ajudam a resolver conflitos emocionais. Jamais subestime a imaginação de uma criança, mesmo que ela seja especial, pois seu espaço está sempre povoado de formas, sentimentos, movimentos, cores e sons.
Uma história só encantará e fidelizará a atenção do sujeito, se for narrada com verdadeiro êxito e se estiver rigorosamente adequada à imaginação dele. Vale conhecer alguns dos segredos que competem à arte de contar histórias: estar aberto para amar a leitura e ter interesse pelo nosso folclore (identidade nacional que garante e fortalece nossa cultura); estudar o conto e o propósito do autor; narrar a verdade, assim o personagem se faz real no drama; ler constantemente o mundo das crianças, jornais, revistas, almanaques, quadrinhos e livros, muitos livros! Se possível crie os seus, leia inclusive os sobre Psicologia da Criança e do Adolescente que nos revela conhecimento e noções elementares e fundamentais para o fortalecimento das relações interpessoais.
Além disso, assista aos desenhos animados, comédias, filmes e vá ao teatro; navegar na internet já faz parte do cotidiano de nossas crianças e jovens, aprenda com eles. Na globalização, o que vale é o que se aprende; depois da vivência, faça as suas anotações fantásticas do que foi lido, visto, ouvido, tocado e sentido, assim terá certeza que Maktub!
Reflexão: Se no final do dia, após as obrigações como exercícios físicos, cursos e trabalhos escolares, a criança ainda receber uma história que alimente o espírito, seu sono será tranquilo e o repouso saudável, preparando-a para um novo dia de aprendizagem.
A palavra Maktub quer dizer “carta” em árabe, contudo foi traduzida como “está escrito” para este artigo.
Por Valdir Cimino
mensagem enviada
Artigo realmente inspirador. Parabéns.
Muito obrigado.
Gilton Vida
muito boa a reflexão!
Parabéns! -otima reflexão!
Excelente conteúdo!