PESQUISAR

Sobre o Centro de Pesquisa
Sobre o Centro de Pesquisa
Residência Médica
Residência Médica
O que é humanização?
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp
O que é humanização?

O que é humanização?

19/07/2021
  5131   
  0
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp

Humanização é o conjunto de valores, técnicas, comportamentos e ações que, construídas dentro de seus princípios, promovem a qualidade das relações entre as pessoas (profissionais e cidadãos) nos serviços de saúde. Entender o sofrimento de quem está sendo atendido, bem como contar com suas opiniões, é um dos pontos-chave de um trabalho que leva em conta a totalidade do indivíduo para além da enfermidade.

No Brasil, este movimento está ligado à questões ideológicas e visa uma melhoria no atendimento dos pacientes com um maior respeito e maior participação do paciente nas decisões e no entendimento da doença.

Orientada pelos princípios da transversalidade e da indissociabilidade entre atenção e gestão, a ‘humanização’ se expressa a partir de 2003 como Política Nacional de Humanização (PNH) (Brasil/Ministério da Saúde, 2004).  Transformar práticas de saúde exige mudanças no processo de construção dos sujeitos dessas práticas. Somente com trabalhadores e usuários protagonistas e corresponsáveis seria possível efetivar a aposta que o SUS faz na universalidade do acesso, na integralidade do cuidado e na equidade das ofertas em saúde. Por isso, se falava da ‘humanização’ do SUS (HumanizaSUS) como processo de subjetivação que se efetiva com a alteração dos modelos de atenção e de gestão em saúde.

Parar e ouvir o paciente é um exemplo de atividade que coopera para a humanização dos processos dentro de clínicas e hospitais. A tarefa pode parecer fácil, mas a sobrecarga da rotina hospitalar nos hospitais públicos dificulta a aproximação entre os sujeitos e acaba endurecendo o olhar diante das angústias do outro. É imprescindível destacar que a humanização na saúde dentro de clínicas e hospitais nem sempre depende apenas dos profissionais. Detalhes como a infraestrutura do ambiente e a qualidade dos serviços prestados também podem pesar quando se fala no tema, já que prejudicam não só a experiência do paciente, mas a dos próprios funcionários.

No mundo, a humanização dos serviços de saúde veio de uma reação do afastamento dos profissionais da saúde do paciente com a introdução de máquinas e equipamentos que ocorreu a partir dos anos 1950 e se acelerou nos anos de 1960/1970. Na década de 50, começam muitas ações de humanização ao redor do mundo, buscando a volta de um atendimento médico mais próximo do paciente.

Na pediatria brasileira, um passo importante foi o Estatuto da Criança e Adolescente que, em 1990, passou a exigir que os hospitais particulares e do SUS oferecessem condições para que um dos pais acompanhassem a criança durante sua hospitalização, com lugar para descansar à noite e refeições. Lembro-me bem desta época. Trabalhava como chefe da unidade de um hospital privado e discutia com a chefia de enfermagem para adotarmos estas medidas antes delas serem obrigatórias. Depois de adotadas, ela ficava brava quando as mães não podiam ficar com as crianças.

Escritores da década de 90, como Patch Adams e Bernard Lown, já mostravam o caminho que a medicina deveria tomar.

Como pediatra que sempre trabalhou em hospital, vi a evolução da humanização nestes últimos 40 anos. Tenho muita sorte em relação a isto. Fui formado por uma escola muito humanista, a Santa Casa de São Paulo, onde o atendimento sempre foi humanizado, pois faz parte dos Valores das Misericórdias cristãs, base da filosofia da Instituição multissecular. Depois disso, fui para um hospital privado recém-inaugurado junto com meus sócios que tinham como eu uma formação humanista e uma boa consciência e modernidade para ver o que estava ocorrendo na pediatria em outros lugares. Implantamos coisas muito avançadas para época, que depois foram essenciais para aprimorar a humanização do Sabará Hospital Infantil.

Trabalhar com crianças e jovens talvez nos torne mais humanos. É muito difícil para um profissional de saúde não criar empatia com um pai ou uma mãe de uma criança doente. No nosso hospital, lidamos com casos de alta complexidade em crianças, muitas vezes com quadros muito graves e não é incomum que em algumas oportunidades no mês tenhamos que lidar com a morte de um paciente.

    O privilégio de trabalhar com a Humanização hospitalar no Sabará

No Sabará, temos o privilégio de estarmos num hospital exclusivamente pediátrico, onde todos os profissionais sabem lidar com as diferentes etapas do desenvolvimento infantil e também conhecem o estresse que não só essa criança está sofrendo como a sua família.

Hoje, recebi um comunicado onde a enfermeira da UTI agradecia sua equipe pela dedicação e acolhimento a uma família que desejava que seu filho, em fase terminal de vida, pudesse pelo menos uma vez na  vida ver e sentir o Sol. Apesar de todas as dificuldades, de todo o movimento desta época, estas pessoas se superaram, e mostraram o real significado da humanização no Sabará Hospital Infantil. Esta criança havia sido transferida de uma maternidade com um diagnóstico de uma síndrome incompatível com a vida. Quando chegou no Sabará, em abril, a mãe pode pegar no colo, dar banho e até batizá-lo e, assim, manter um pouco de contato humano com seu filho.

Esta é uma história de muitas que já escrevi aqui e que podem reler abaixo.
Para mim, nada me enche mais de orgulho e de felicidade – e porque não dizer de emoção – do que ver a Instituição maravilhosa que estamos construindo. Parabéns e obrigado a todos e todas as pessoas que fazem do Sabará Hospital Infantil, Instituto Pensi e Fundação José Luiz Egydio Setúbal!

Saiba mais:

https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/uma-historia-de-anjos/

http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/hum.html

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnhah01.pdf

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

deixe uma mensagem O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

posts relacionados

INICIATIVAS DA FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL
Sabará Hospital Infantil
Pensi Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil
Autismo e Realidade

    Cadastre-se na nossa newsletter

    Cadastre-se abaixo para receber nossas comunicações. Você pode se descadastrar a qualquer momento.

    Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade de Instituto PENSI.