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Há dez anos, pelo menos três vezes ao ano, faço postagens nesse Blog sobre a importância de vacinar as crianças para as diversas doenças do nosso calendário de imunização. No final de março, li na revista Fapesp o ótimo artigo do professor Ricardo Zorzetto sobre o “tombo da vacinação no Brasil” e o artigo do colunista Carlos Madeiro do UOL falando sobre o mesmo assunto.
As vacinas certamente estão entre as invenções mais importantes da humanidade e são uma das armas mais eficientes que a medicina pode contar para prevenir doenças e promover a saúde. O Brasil, com o seu Programa Nacional de Imunização (PNI) criado em 1973, que é um dos mais completos do mundo, já foi motivo de orgulho de nosso serviço de medicina coletiva. Há sete anos as taxas de imunização da população infantil vêm caindo, com piora significativa nos últimos anos, como pode ser visto nesse gráfico do artigo da revista da Fapesp:
Certamente, a pandemia tem alguma responsabilidade, mas há outros fatores. Segundo pesquisa realizada pela Fapesp em 2018, os sete principais motivos dessa queda seriam:
Com uma taxa de vacinação geral de 68%, quando o recomendado pela OMS é que fique entre 90 e 95% dependendo da vacina, o Brasil corre o risco de ver voltar doenças já erradicadas, como a pólio e outras com índices muitos baixos e que já voltaram a subir, como é o caso do sarampo. Esse é um fenômeno mundial e precisamos reagir antes que seja tarde.
Mas, nem tudo está perdido, parece haver luz no fim do túnel ou no governo: em 13 de dezembro 2021, o ministério lançou o Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, em parceria com a Fiocruz. A ação estratégica tem como meta que o aumento na cobertura vacinal seja homogêneo em todo o país até 2025. Voltando ao documento de 2020, fazemos várias propostas para que isso seja alcançado:
Acesso
– Ampliar o horário de atendimento.
– Fazer uma busca ativa.
Vacinar em sistema drive-thru
Vacinar em estabelecimentos de ensino
Atuação dos profissionais de saúde
– Falar sobre vacinas nas consultas.
– Poucos médicos conversam sobre imunização com seus pacientes – à exceção de pediatras, obstetras e geriatras (estes, quase exclusivamente sobre prevenção contra gripe).
Fixar calendários vacinais nas salas de espera, mesmo em consultórios de não pediatras
A vacinação de adultos e adolescentes ajuda a deter surtos de doenças que podem infectar crianças.
Estímulos
– Firmar parcerias com a instituições da sociedade civil.
– A Sociedade Brasileira de Imunizações defende a implantação de mecanismos que obriguem a apresentação da carteira de vacinação de crianças e adolescentes como pré-requisito para matrícula em escolas e creches.
Desabastecimento
– Investir na formação de estoques.
– Criar estratégias para diminuir perdas de doses.
A falta pontual de vacinas desmotiva as pessoas a se deslocarem até as UBSs
Comunicação
– Diversificar os canais.
– Incluir médicos e enfermeiros.
Engajar-se para valer!
Em 2020, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES) definiu como ações estratégicas para a década 20/30 os Objetivos de Sustentabilidade da ONU que tivessem relação com a saúde da criança e do adolescente, e escolheu três áreas de atuação: Imunização, Nutrição e Saúde Mental.
Desde 2018, realizamos o Fórum de Políticas Públicas para a discussão desses temas. Em 2020, foi discutido a Imunização e o material pode ser visto no site da Fundação no link abaixo.
Após esse Fórum, a FJLES fez parcerias com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBin) e a Unicef em um programa piloto para melhoria de taxa de imunização em vários municípios brasileiros, fez várias campanhas de conscientização de vacinação para a covid-19 e para outras vacinas do calendário brasileiro de imunização, até ganhando reconhecimento do YouTube International. Este tema tem sido frequente em nosso blog, Simpósios, Congressos e Webinars para o público de profissionais da saúde e leigo.
Com isso, esperamos contribuir, pelo menos um pouco, para voltar a melhorar este indicador tão importante de Saúde da Infância e do Adolescente.
Fontes:
Saiba mais: