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Redes sociais: a relação delas com nossos filhos
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Redes sociais: a relação delas com nossos filhos

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29/06/2011
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As redes sociais são um fenômeno da modernidade e vem intrigando sociólogos, antropólogos, psicólogos e cientistas das mais diversas áreas do conhecimento humano. Estas redes sociais (Facebook, Twitter, Youtube, Instagram, TikTok, entre outras) estão aí para ficar e, de alguns anos para cá, vem preocupando pais, educadores e profissionais que lidam com crianças e adolescentes, pois todos procuram saber para onde caminha este fenômeno e como lidar com ele.

O Conselho de Comunicação e Mídia da Academia Americana de Pediatria publicou no seu site um trabalho sobre o impacto das mídias sociais nas crianças, adolescentes e suas famílias (Gweenn S. O’Keeffe, MD; Katleen Clarke Peterson, MD).

A pedido do jornal Valor Econômico, foi feita uma pesquisa pelo Ibope Nielsen revelando o comportamento das crianças brasileiras na internet.

Para se ter uma ideia do impacto da internet na vida das crianças, em dezembro de 2010, cerca de 14% dos usuários da internet no Brasil eram crianças (entre 2 e 11 anos), contra 6% em 2000. Isto acontece porque os acessos estão cada vez mais fáceis. Quase todos podem ter celulares com acesso a WEB,  os computadores estão cada vez mais presentes nos lares e as crianças estão cada vez mais interessadas em usá-los.

Segundo o trabalho americano, o uso da internet já é a atividade mais comum entre crianças e adolescentes nos EUA, incluindo aí as redes sociais, consultas a sites de jogos online e de compras (também apontado na pesquisa Ibope Nielsen). Por estas razões, os pais devem se preocupar e procurar saber o que seu filho faz na internet. O pediatra, por acompanhar a saúde da criança, também deve estar atento e procurando se informar sobre o assunto, para poder ajudar as famílias em relação a novos problemas, como “cyberbullying”.

Os números de crianças e adolescentes usando as mídias sociais vem aumentando de forma exponencial e seu acesso, agora facilitado pelos telefones celulares, vai fazer estes números cada vez maiores. Nos EUA cerca de ¼ dos adolescentes entram na internet mais de 10 vezes por dia, e pelo menos 1 vez nas redes sociais, seja pelo computador, seja pelo telefone celular, que eles usam muito mais como emissor de textos e imagens do que como comunicação oral.

Como a capacidade de regulação destas mídias é pouco eficaz, estes jovens estão muito expostos ao cyberbullying, à pedofilia, entre outras invasões de privacidade, sem falar em adicção (ficar viciado) e privação de sono. Pais que não estão interessados ou acostumados com a internet e redes sociais deveriam procurar se informar e se capacitar para isto, pois assim terão mais controle sobre o que seu filho está usando, olhando, e com quem está fazendo contato.

Leia também: Desafios perigosos das mídias sociais: entendendo seu apelo para crianças e jovens

Mas, como tudo em nossas vidas, a internet não é só ruim e tem muitas coisas a serem usadas em benefício das crianças e jovens.

No artigo americano, as pediatras levantam vários aspectos de benefícios do uso de redes sociais:

1. Melhoria e aprendizado de viver e se comunicar com uma comunidade, podendo ser usado para ajudar pessoas (angariar fundos para projetos sociais, formaturas etc).

2. Trocar ideias, imagens, trabalhos criativos como em artes, fotos, filmes, músicas.

3. Empreendorismo, como na criação de blogs, sites de vídeos, games etc.

4. Trocas de experiências e ideias, compartilhando causas (importante para os adolescentes), dando oportunidades de conviver com ideias diferentes e o aprendizado do respeito, tolerância.

5. Acesso às informações, como de saúde, para uso na escola, como fonte de aprendizado etc.

 

Entre os riscos levantados estão:

1. Cyberbullying é o fenômeno que mais está crescendo, e acontece quando deliberadamente as pessoas de um grupo começam a hostilizar uma pessoa ou um grupo e pode acabar envolvendo toda uma comunidade virtual. Quando isto acontece, o dano psicosocial é enorme, podendo ocasionar ansiedade, depressão, isolamento e até levar a um suicídio.

2. Assédio sexual, ou recebimento de imagens, textos, muitas vezes enviadas dos próprios celulares, como imagens de si próprios ou de amigos, nus ou seminus, o que se torna um problema disciplinar nas escolas.

3. “Depressão do Facebook”: é um fenômeno que está sendo cada vez mais visto em jovens nos EUA, onde crianças e adolescentes com propensão ao desenvolvimento de depressão acabam, com o uso das redes sociais, desenvolvendo quadros de depressão e abuso de drogas consequentemente. Isto parece ocorrer pelo isolamento social, uma vez que o contato pessoal é muito importante para os adolescentes.

4. Perda da privacidade: outro aspecto levantado é o da perda de privacidade e da colocação de muitos dados pessoais, como fotos, endereços e rotinas, causando um risco grande de segurança. Muitas vezes se coloca opiniões radicais que poderão acarretar um prejuízo no futuro.

5. Influência da propaganda e risco de consumismo: muitos dos sites de relacionamentos e de jogos, que são os mais acessados pelos jovens, estão com propagandas voltadas a este público específico. Por esta razão, é bom saber o que seu filho está fazendo e entrar nestes sites para ver o que é propagandeado.

Já na pesquisa Ibope Nielsen, a criança brasileira está entrando mais em sites de jogos, mas as meninas principalmente já procuram as redes de socialização, e cerca de 50% das crianças já procuraram produtos para se informar sobre preços ou para comprar algo.

Nos EUA, a idade mínima para o uso de redes sociais é de 13 anos, pois esta é a idade legal (Children’s Online Privacy Protection Act –COPPA) estipulada pelo congresso. Aqui no Brasil desconheço alguma lei que trate do assunto. Mesmo assim, existem sites em que não há idade mínima, portanto os pais devem consultar antes o conteúdo do site para permitir o acesso do filho.

 

O papel do pediatra

O pediatra tem o papel de orientador dos pais e das crianças e jovens, portanto deve estar familiarizado com as redes sociais e com as matérias que saem em revistas especializadas e na mídia leiga. Há muita coisa sendo debatida com pedagogos, psicólogos, antropólogos, sociólogos, filósofos, entre outros profissionais não médicos.

Um artigo do periódico Pediatrics dá 4 dicas para os pediatras:

1. Aconselhe aos pais conversarem com seus filhos sobre seus acessos na internet e os riscos específicos que crianças e jovens correm.

2. Aconselhe aos pais conhecerem as ferramentas de acesso à Internet, para serem os professores de seus próprios filhos.

3. Ajude os pais a montarem um plano de ação que inclua o tempo de acesso, as informações que serão dadas, os lugares que os jovens poderão acessar, os cuidados que deverão ter, etc.

5. Discuta com os pais as medidas de controle digital que eles devem ter.

Finalizando, as mídias eletrônicas estão aí, já são uma realidade para boa parte de nossa população, e temos cerca de 4 milhões de jovens navegando nelas. Por esta razão, é um motivo de preocupação para pais, educadores, psicólogos e pediatras.

 

Fonte:

Jornal Valor Econômico: Pesquisa Ibope Nielsen – dezembro de 2010

PEDIATRICS Volume 127, Number 4, April 2011

Observatório da imprensa: VAIDADES DIGITAIS: As mídias sociais darão certo ( Juliano Rigatti em 1/2/2011)

 

Atualizado em 19 de janeiro de 2024

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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