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11º Fórum Paulista de Prevenção de Acidentes e Combate à Violência
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11º Fórum Paulista de Prevenção de Acidentes e Combate à Violência

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12/12/2017
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Num país violento como o nosso, ter um Fórum que há 11 anos discute o tema na infância é muito importante. Parabéns à Sociedade de Pediatria de São Paulo que o organiza.

Na semana passada participei presidindo uma mesa cuja a palestra proferida pela professora Luci Pfeifer abordou o tema “Da autoagressão e ao suicídio”. Esse é um tema instigante e sobre o qual escrevo com alguma frequência no Blog Saúde Infantil, do Hospital Sabará e Instituto Pensi.

A série de TV “13 razões por que? ”, que causou várias discussões sobre o suicídio juvenil, aborda de maneira muito interessante o tema do bullying digital. Vivenciar o bullying é desafiador e perturbador. É uma daquelas situações que podem afetar negativamente a saúde mental de uma pessoa e pode alterar o caminho que uma pessoa toma, dependendo de como a situação é tratada. Como a vida tornou-se digital e on-line, perseguidores tem atuado lá também. A ficção da TV saiu das telas e foi para as ruas e movimentos como Baleia Azul são a evidência de uma sociedade perturbada.

Na revista Pediatrics de junho de 2012, um curioso artigo relata um levantamento feito com 1.200 jovens de 7 a 16 anos, dos quais 670 responderam a um questionário sobre automutilação ou autoagressão não suicida. Cerca de 8% dos entrevistados (sendo 9% das meninas e 7% dos meninos) cometeram alguma autoagressão. As meninas relataram mais cortes e os meninos se bateram mais. A prática é mais comum em adolescentes. Só o fato de alguém se preocupar em estudar isto já é assustador, por que um jovem ou uma criança teria motivos para se autoagredir?

Em 2016, a Academia Americana de Pediatria destaca o bullying, o uso da internet e outros fatores e o papel que desempenham nos casos de suicídio entre adolescente. O suicídio é a segunda principal causa de morte de adolescentes de 15 a 19 anos; tendo superado até homicídio e ficando atrás somente de lesões não intencionais, tais como acidentes de trânsito e envenenamentos acidentais. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com estudantes de escolas públicas e privadas entre 9 e 12 anos, mostrou que 15% dos alunos consideram seriamente o suicídio, 11% disseram ter criado um plano de ação e 7% tentaram tirar a própria vida nos 12 meses que antecederam a pesquisa.

Como curiosidade, fui atrás de mais números do Brasil e fiquei muito impressionado com o que encontrei. O aumento de suicídio entre os jovens brasileiros foi de 30% nos últimos 25 anos.  Em 2009, 196 jovens, entre 10 e 14 anos, e 566 jovens, entre 15 e 19 anos, cometeram suicídio em nosso país.

No Hospital Sabará este ano tivemos 5 crianças internadas e mais uma transferida por falta de vagas por tentativa de suicídio. Por automutilação ou com CID de lesão autoprovocada tivemos uma internação e se contarmos anorexia tivemos mais 4 casos sendo um muito grave. No Pronto-Socorro este ano foram atendidas 100 crianças com diagnóstico de automutilação. Há dois anos criamos o Nacri, que é um núcleo de detecção para crianças de riscos emocionais que ficam internadas conosco.

Estudos feitos por psiquiatras brasileiros e do exterior consideram que uma sociedade cada vez mais individualista e menos solidária faz com que os jovens se sintam sem uma rede de apoio. Existem tópicos que dizem que é necessário ser feliz e ter sucesso, ideias muito difundidas pelas redes sociais.

 

Autor: Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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