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Um bebê na praça
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Um bebê na praça

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19/10/2015
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baby

No início de outubro a triste notícia de um bebê encontrado por um zelador na região de Higienópolis, em São Paulo, me fez lembrar imediatamente da “Roda dos Expostos”, peça emblemática do Museu da Santa Casa de São Paulo.

A roda, é um artefato cilíndrico de madeira com uma abertura em um dos lados. Esta estrutura ficava num dos muros da Santa Casa e quando uma mãe queria abandonar o filho recém-nascido, colocava-o na abertura e girava para que fosse recolhido pelas freiras. Passaram pela “Roda dos expostos” na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo entre 1825 e 1950, cerca de 4600 crianças que foram cuidadas pelas Irmãs de São José de Chambéry e registradas em um livro que se encontra no Museu.

A criança em questão foi encaminhada para a pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que mais uma vez a recolheu sob seus cuidados. Alguns dias depois, a polícia prendeu a pobre mãe por abandono de menor.

Triste o país onde isto acontece. Uma mãe, que no desespero de não perder o emprego, esconde a gravidez dos patrões e depois de ter tido a criança, alimentou-a, limpou-a e a vestiu para em seguida colocar numa sacola e deixa-la ao pé de uma árvore da região.

Na minha vida como pediatra acompanhei dois casos semelhantes, há mais de 20 anos e naquele tempo as duas crianças foram jogadas em lixeiras na rua. Na época não existiam câmeras de vigilância e acredito que as mães nunca foram localizadas e as crianças acabaram adotadas legalmente por funcionários do hospital.

A pergunta que me ocorre: Onde está a assistência social do Brasil?

A roda foi retirada por se considerar uma vergonha para a cidade nos anos 1950, já que após a criação da ONU, as “ rodas” que existiam na Europa desde o século XII foram abandonadas por pressão dos novos tempos e, pelo que me consta, a da Santa Casa de SP foi a última parar no Brasil.

A roda não é solução, mas nós, como sociedade, devemos pensar na cobrança de uma Assistência Social que realmente funcione.

Autor: Dr. José Luiz Setúbal

 

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.

Fontes: Santa Casa de São PauloFolha: Mulher abandonou bebê após esconder gravidez de patroa e Folha: Abandono de bebê reacende debate sobre parto anônimo.

 

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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