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Bullying não é nada disso
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Bullying não é nada disso

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20/05/2011
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Eu resolvi reproduzir na íntegra o artigo da psicóloga Rosely Sayão publicado no “A Folha de S. Paulo” da semana passada, pois considerei o texto de extrema importância para todos os pais preocupados com o assunto “da moda” do momento: bullying.

Os problemas e as doenças também passam por fases e modas. Nas coleções passadas, desfilaram a depressão e a síndrome do pânico. Atualmente, o bullying desfila imperioso em todas as passarelas. Penso que na próxima estação, deverá ser a vez do transtorno bipolar, será? Eu, particularmente, tenho muito medo dessa moda. Estou até fazendo graça, mas é muito sério. Carimbar diagnósticos no modo “atacado” é extremamente perigoso, por ser algo taxativo e rotulante, um dos grandes temores dos psicólogos em ação.

Uma tristeza comum da natureza humana é considerada depressão sem maiores ou mais profundas investigações. Daí, se a pessoa em questão sai sozinha dessa tristeza e mostra-se toda felizinha, pronto! É bipolar! E se alguém demonstra medo de dirigir à noite em uma cidade como São Paulo, é pânico na certa.

Eu não estou dizendo que tristeza não pode ser depressão, que oscilação de humor não é bipolaridade ou que medo não é pânico. PODE SER. Mas não é necessariamente. O “atacado” é o que me assusta, assim como a falta de investigação profissional adequada. E o bullying entrou nessa festa também, infelizmente. Considero esse tema até mais complicado, pois não se trata de um transtorno ou uma doença, mas sim um comportamento, que tem sido facilmente confundido com atitudes cruéis, porém normais de crianças e adolescentes quando apontam e dão risadas das diferenças entre eles.

Notem que usei palavras como “comportamento”, “normal” e “diferenças” ao me referir ao bullying, portanto vale a pena refletir: existe algo mais subjetivo e difícil de conceituar do que os comportamentos, as normalidades e as diferenças? Dá para generalizar qualquer ação nem tão legal ou bacana assim e categorizá-la como bullying?

O artigo está aí tanto para esquentar essa discussão, quanto para acalmar as preocupações de pais e mães.

Aproveitem! Deixem suas opiniões e vamos conversar sobre o assunto!

Leia também: Cyberbullying, agora que vem o pior

“Há muita gente que não aguenta mais ouvir falar de bullying. O assunto é tema de reportagens nos jornais diários de todos os tipos, nas revistas semanais, nas prateleiras das livrarias, nas bancas de revistas, na internet etc.

Já conseguimos esvaziar o sentido dessa palavra e seu conceito de tanto que a usamos e de tanto fazer associações indevidas com o termo.

Basta um pequeno drama ou uma grande tragédia acontecer, envolvendo jovens, que não demora a aparecer a palavra mágica. Agora, ela serve para quase tudo.

Além de banalizar o conceito, o que mais conseguimos com o abuso que temos feito dele? Alarmar os pais com filhos de todas as idades.

Agora, a preocupação número um deles é evitar que o filho sofra o tal bullying. O filho de quatro anos chega em casa com marca de mordida de um colega? Os pais já pensam em bullying. A filha reclama de uma colega dizendo que sempre tem de ceder seu brinquedo, ou o filho diz que tem medo de apanhar de um colega de classe? Os pais pensam a mesma coisa.

Alguns deram, por exemplo, de reclamar que a escola que o filho frequenta tem, no mesmo espaço, estudantes de todas as idades e dos vários ciclos escolares. Então agora vamos passar a considerar perniciosa a convivência entre os mais jovens porque há diferença de idade entre eles? Decididamente, isso não é uma boa coisa.

As crianças e os jovens aprendem muito, muito mesmo, com o convívio com seus pares mais novos e mais velhos. Ter acesso a alguns segredos da vida adulta pelas palavras de outra criança ou de um adolescente, por exemplo, é muito mais sadio e interessante do que por um adulto. Um exemplo? A sexualidade.

Outro dia ouvi um diálogo maravilhoso entre uma criança de uns dez anos e um adolescente de quase 16. O assunto era namoro. Em um grupo, os mais velhos comentavam suas façanhas beijoqueiras com garotas. A criança (pelo que entendi, era irmão de um dos mais velhos) passou a participar da conversa querendo saber detalhes do que ele chamou de beijo de língua e ameaçou começar a também contar suas vantagens.

Logo a turma adolescente reagiu, e um deles falou que ele era muito criança para entrar no assunto. E um outro disse, sem mais nem menos: “Agora você está na idade de ouvir essas coisas e não de fazer, está entendido?”. O menor calou-se e ficou prestando a maior atenção à conversa dos maiores, sem intervir.

Imaginei a cena se tivesse acontecido com o garoto de dez anos e adultos. Não seria nada difícil que eles dessem atenção ao menino, que quisessem saber e fornecer detalhes a respeito das intimidades que podem acontecer num encontro entre duas pessoas. Muito melhor assim do jeito que foi, não é verdade? Com a maior simplicidade, o garoto foi colocado em seu lugar de criança e nem se importou com isso, mas, mesmo assim, pôde participar como observador da conversa dos mais velhos.

Conflitos, pequenas brigas, disputas constantes acontecem entre crianças e jovens? Claro. Sempre aconteceram e sempre acontecerão.

Mas esses fatos, na proporção em que costumam acontecer, não podem ser nomeados como bullying. Fazer isso é banalizar o tema, que é sério. Aliás, isso tudo acontece sem ultrapassar os limites das relações civilizadas se há adultos por perto. Essa é nossa questão de sempre, por falar nisso.

O verdadeiro bullying só acontece em situações em que os mais novos se encontram por conta própria, sem a companhia e a tutela de adultos, sem ainda ter condições para tal. Caro leitor: se você tem filhos, não os prive da companhia de colegas diferentes no comportamento, na idade etc. Esses relacionamentos, mesmo conflituosos, são verdadeiras lições de vida para eles que, assim, aprendem a criar mecanismos de defesa, a avaliar riscos e, principalmente, a reconhecer as situações em que precisam pedir ajuda.”

 

Atualizado em 18 de janeiro de 2024

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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  • Gabriela Ekman disse:

    Concordo q tem ocorrido um certo exagero quando o assunto é bullyng !! Também concordo q não pode -se fazer de um simples apelido, ou uma diferença entre colegas “essa discussão” toda. Porém, penso muito em situações onde a criança sofre quieta. Algumas vezes por não ter os pais disponíveis para um diálogo ou mesmo um desabafo…quantas crianças “suportam” “chacotas” (entre outras) caladas, sem demonstrar suas angustias…imagine a dor q carregam…se os pais não percebem, se a escola não percebe, se os “amigos” percebem e aproveitam-se dessa fragilidade…acho um assunto bem complicado e não tão distante assim !

  • IARA APARECIDA GREGNANI disse:

    INTERESSANTE A ÉPOCA O QUAL ESTAMOS VIVENDO ,SE ANALIZARMOS TODO

    ESTE PROBLEMA QUE ESTA GERANDO CONFLITOS DE IDEIAS ,COMPORTAMENTOS

    E ATITUDES , RESUME-SE NA MINHA OPINIÃO EM UMA COISA A FALTA DA MÃE

    OS VALORES QUE HOJE SE DÁ MAIS IMPORTANCIA , UMA SOCIEDADE COMPETITIVA

    EXIGINDO ASSIM AUSENCIA DE UMA OPÇÃO , POIS HOJE É ´PROGRAMADA A GESTA-

    ÇÃO E NO ENTANTO PASSA-SE UMA RESPONSABILIDADE PARA ESCOLAS, BABAS ,

    PARENTES ABRINDO ASSIM UMA LACUNA NESTE PROCESSO SER MÃE, SEI QUE SE

    TEM DE DAR O MELHOR PARA OS FILHOS DESDE UM LAR COMO ESTUDO ETC, MÁS

    SERA QUE NÃO ESTA HAVENDO UM CERTO EXAGERO ,CORRE-SE TANTO QUE NEM

    SE PERCEBE O QUE OCORRE A SUA VOLTA ESTAMOS PROGREDIDO EM QUE ASPECTO

    ESTAMOS CONTRUINDO UM MUNDO O QUAL NÃO CONSEGUIMOS VIVER EM SUA PLENITUDE DE PAZ, AMOR, ALEGRIA ,FÉ E RESPEITO. BOA SORTE PARA TODOS NÓS

  • Elenira S. Silva disse:

    Pra refletir, vou mais além nesse nesse tema tão abordado nos últimos meses. Podemos afirmar que por vezes o tal “bullying” pode começar até mesmo dentro de alguns lares, quando pais fazem comparações entre filhos, deixando explicito que fulano é mais inteligente, bonzinho que beltrano, fazendo com que um dos envolvidos sinta-se menos à vontade ou diminuido diante dos olhares “rigorosos” dos pais?! Ou não?

  • Sandra disse:

    Desabafo de uma mãe
    Boa tarde! A questão do bullying é bem antiga e demorou para ganhar holofotes, rótulo e espaço para discussão. Eu fui uma criança que sofri isso na escola por anos, há cicatrizes que dóem se tocar mas, me fez ser uma pessoa forte porque tive a sorte de ter pessoas que me amavam e me davam força para ver por outro angulo e aguardar um futuro melhor com muita dedicação e disciplina. Agora sou uma mãe que tem uma filha que sofreu bullying de uma professora e depois de um colega de classe. A primeira vontade é a de tirar satisfação, colocar tudo às claras enfim. Mas, Deus na sua infinita bondade me lembrou o caminho do amor. E com amor ajudei minha filha a superar. Mudei ela de escola três vezes! Até que na última depois de um ano de estudos, o caminho com o colega que lhe fez mal cruzou novamente com o dela… não foi fácil para mim imagine para ela!!! Por sorte ela encontrara na professora Salete uma verdadeira mãe que lhe deu força na escola espaço que a mãe não pode estar, e juntas nós três ajudamos os dois a encontrar a paz, ele pediu desculpas e se tornou um menino que não mais a persegue, e minha filha superou e aprendeu a lidar com seus problemas de frente e a confiar em Deus na sua familia e nos verdadeiros amigos (a professora).
    Hoje me vejo em uma situação bem singular e dolorida. Minha filha foi acusada de machucar uma coleguinha. Depois de 2 anos nesta escola com uma conduta exemplar de comportamento e notas, isso… A repreendi firmemente e ela sentiu pela a dor de ouvir duras palavras por uma ação impensada mas, que apesar de ser uma criança está na fase de formação de caráter e portanto, precisa aprender agora! E sou eu a pessoa que deve corrigir esta falha. Ficou depressiva e mal com a situação. Mas, meu “radar” de mãe não estava tranquilo havia algo errado mas, o que? Então revisei a conversa que tivemos eu minha filha e a professora (outra professora por ser outro ano) e ficou claro que a coleguinha que ela quase machucou está com algum problema , pois a menina pediu insistentemente para que minha filha pegasse o lapis que a menina apontara e a cutucasse no braço como quem reproduz a entrada de uma agulha! E quando minha filha mesmo a contragosto fez uma vez e parou porque não queria mais a “brincadeira” escolhida pela colega , a menina pega o lapis e continua a se machucar!!! Então minha preocupação está no fato de minha filha ter cedido e feito algo que não queria fazer e por ter ouvido os conselhos dessa coleguinha , minha filha foi contra si propria e contra o que acredita e seu proprio bom senso isso me deixou preocupadissima! E é nisto que preciso me esmerar entender por que?
    Quanto a menina … pedi para ela procurar se afastar afinal, enquanto a historia acontecia minha filha disse que a menina pediu para não chamar a professora, ou seja, o tempo todo a menina agia sabendo que estava errada e sabia que estava levando a “amiga” ao erro, essa menina precisa de ajuda, ela quer sentir dor, ela pedi para alguem feri-la, quer fazer escondido, sabe que aquilo é errado, e não quer agir sozinha quer agir errado e levar uma colega junto. Ela é apenas uma pequena menina mas, precisa ao meu ver de muita ajuda. Infelizmente como quem a cutucou com o lapis foi minha filha, não terei como falar com sua mãe , qualquer coisa que eu disser soará suspeito. Então deixei um recado para a professora tanto sobre a repreensão dura que minha filha sofreu por mim, sobre que desejo que elas se afastem temporariamente, que minha filha esta arrependidissima, mas tambem sobre minha preocupação com uma criança que quer se ferir a qualquer custo mesmo que isso signifique prejudicar uma colega e ainda fazer escondido. Há algo errado , parece-me uma criança que “pede socorro veladamente” mas, infelizmente a professora focou apenas no fato de ter sido minha filha uma aluna exemplar ter feito algo absurdo, e o tempo todo ela livrou a menina de todo o resto, mesmo minha filha repetindo várias vezes que ela queria chamar a professora, que ela não queria fazer, que a menina dizia que nada sentia e que ela queria brincar de outra coisa e a menina ficava chateada por não fazer o que ela queria.
    Agora preciso me concentrar no fato de minha filha ter cedido a uma conduta errada, afinal por indução da colega , minha filha errou muito ao dizer “sim” mesmo querendo dizer não, não sei como a ajudarei nisso , rogo a Deus que me ajude. Lembro da frase dos mais velhos “cuidado com as más companhias” e me espanto, meu Deus essa coleguinha só tem 8 anos é uma menininha e segundo a professora parece tão doce! E minha filha… uma qualidade que sempre ressaltei e ela tem orgulho disso é que ela não mente , por várias vezes ocorreram coisas que qualquer criança esconderia com medo de se dar mal, mas como ela costuma dizer, sei que se eu não contar vai ser pior, e mentir ou esconder é como um pica-pau que fica na minha cabeça “vai falar , vai falar”, e quando falo me sinto mais leve. Mas, desta vez ela não contou nada antes, escondeu? Ela jura que nem lembrava mais daquilo nunca pensou que a menina tivesse ficado machucada pois nem vermelho ficou …. acredito que a menina continuou sozinha a se ferir por isso que a mãe percebeu o vermelho.
    O que fazer? Não gosto de nada mal esclarecido. E isso está remoendo em mim. E como lidar com minha filha como ajuda-la a não ceder “as mas companhias” e tentações?
    Abraços, Sandra – Santo André SP

    • Equipe Sabará disse:

      Olá Sandra,

      Os casos de bullying têm sido relatados com frequência nos últimos tempos e temos que estar preparados para enfrentá-los. Pelo que você nos conta, a sua atitude para abordar a situação foi pertinente, conversando abertamente com sua filha e tentando fortalecer seus conceitos sobre respeito mútuo. Se mesmo assim, você nota que a sua filha não está segura o suficiente para lidar com esta situação, seria interessante conversar com seu pediatra, que certamente poderá indicar-lhe um profissional especializado se julgar pertinente.

      Abraços! =)

  • Ainoã disse:

    Eu sofro bullying na escola,mas,minha coordenadora não faz nada e é cahto tirarem onda com meu nome.
    O que devo fazer para me denfender sem usar a força?

    • Equipe Sabará disse:

      Aionã, não sabemos a sua idade, mas imaginamos que você seja adolescente. Realmente sair para o caminho da força vai ser muito ruim, e o mais correto é a escola tomar uma posição, pois é um assunto da instituição. Talvez para dar mais peso à sua queixa, seus pais poderiam ir até a direção da escola para comentar o fato e pedir uma atitude.

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