PESQUISAR

Sobre o Centro de Pesquisa
Sobre o Centro de Pesquisa
Pesquisa Clínica
Pesquisa Clínica
Residência Médica
Residência Médica
Falando sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp
Falando sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Falando sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

11/07/2025
  527   
  1
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico que pode afetar a atenção, a impulsividade e a hiperatividade. É um transtorno crônico, que pode começar na infância e persistir na vida adulta.

A prevalência mundial de TDAH estimada em crianças e adolescentes é de 3% a 8%, dependendo do sistema de classificação utilizado. Embora ele seja frequentemente diagnosticado durante a infância, não é raro o diagnóstico ser feito posteriormente. As evidências científicas sustentam sua continuidade na idade adulta, com uma prevalência estimada entre 2,5% e 3%. No Brasil, a prevalência é semelhante à relatada em todo o mundo, com 7,6% de crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos, 5,2% de indivíduos entre 18 e 44 anos e 6,1% de indivíduos maiores de 44 anos apresentando sintomas de TDAH.

Atualmente, 23% dos meninos americanos de 17 anos receberam um diagnóstico de TDAH. O número de prescrições medicamentosas aumentou quase 60% em uma década. Você certamente conhece pessoas que possuem esse diagnóstico e que tomam medicamentos estimulantes para o tratamento de TDAH.

Por que isso está acontecendo? Pesquisadores na década de 1930 viram benefícios imediatos quando trataram crianças nervosas com anfetaminas. Eventualmente, os médicos elaboraram um diagnóstico que poderia explicar personalidades distraídas e excitáveis, e um consenso se formou sobre como tratá-las.

Escrevo há décadas sobre educação e saúde das crianças. Alguns anos atrás, ainda quando atuava como pediatra, comecei a notar o aumento de famílias lutando com os problemas de atenção de seus filhos. A atenção era algo com que eu me preocupava em meus próprios filhos. Mas não se sabia muito sobre a ciência por trás da atenção, pois tinham muitas grandes questões não resolvidas.

O que é TDAH e por que é tão complicado defini-lo?

Não há teste biológico para TDAH. Portanto, ele deve ser diagnosticado por seus sintomas clínicos, e esses sintomas às vezes são difíceis de definir. O comportamento de um paciente pode parecer bem diferente do de outro, e certos sintomas de TDAH também podem ser sinais de outras coisas – depressão, trauma de infância ou autismo. Pegue uma criança que está constantemente distraída por sua ansiedade. Ela tem TDAH, um transtorno de ansiedade ou ambos? Portanto, o TDAH pode não ser um distúrbio médico claro e distinto com limites definidos – algo que você tem ou não tem.

Cada vez mais, a ciência mostra que a condição existe em um continuum, e não há uma linha divisória clara entre as pessoas que têm TDAH e as pessoas que não têm. Para muitas crianças, os sintomas do TDAH flutuam ao longo do tempo – pior em um ano, melhor no próximo – e essas flutuações podem depender de seu ambiente externo tanto quanto de sua fiação interna.

Tradicionalmente, o TDAH é tratado com estimulantes. Agora, alguns pesquisadores estão levantando questões sobre eles. Por quê?

A maioria dos pesquisadores acredita que os medicamentos estimulantes são, em geral, uma coisa positiva para crianças com TDAH. Mas alguns acham que seus benefícios foram exagerados. Um grande estudo descobriu que os estimulantes eram mais eficazes do que outras intervenções apenas nos primeiros 14 meses de tratamento. Aos 36 meses, seu benefício relativo havia desaparecido. E, mesmo quando esses medicamentos melhoram o comportamento das crianças a curto prazo, eles não parecem aumentar seu aprendizado ou desempenho acadêmico. Como resultado, alguns cientistas – e algumas famílias – estão procurando outras abordagens.

Então, o que fazer? Existem outras abordagens que funcionam?

Esse é outro desafio para o campo: neste momento, não há muitas evidências sólidas para qualquer tratamento que não seja a medicação estimulante. O que achei encorajador, porém, foi uma pesquisa sugerindo que mudanças nos ambientes das crianças – uma sala de aula mais estimulante, uma vida doméstica mais calma ou, à medida que envelhecem, um trabalho interessante. Tudo isso, muitas vezes, pode ter um efeito positivo em seus sintomas e meu palpite é que grande parte do campo está indo nessa direção.

A maneira como diagnosticamos e tratamos o TDAH provavelmente mudará?

Diagnosticar o TDAH com precisão pode ser desafiador, por uma série de razões. Ao contrário do diabetes, não existe um teste biológico confiável para o TDAH. Os critérios diagnósticos do DSM frequentemente exigem julgamento subjetivo e, historicamente, esses critérios têm sido bastante fluidos, mudando a cada revisão do manual.

O diagnóstico abrange uma ampla variedade de comportamentos. Existem dois tipos principais de TDAH: desatento e hiperativo/impulsivo, e crianças em uma categoria frequentemente parecem ter pouco em comum com crianças na outra. Há pessoas com TDAH que você não consegue parar de falar e outras que você não consegue começar. Algumas são excessivamente ansiosas e entusiasmadas; outras são irritáveis ​​e mal-humoradas.

O tratamento do TDAH pode envolver uma combinação de medicação, terapia comportamental, ajustes no estilo de vida e suporte educacional ou profissional, dependendo da idade do paciente e da gravidade dos sintomas. O objetivo é ajudar o paciente a desenvolver estratégias para lidar melhor com os desafios diários. As principais indicações são:

Psicoterapia: geralmente com terapia cognitivo-comportamental, que ensina técnicas para organização, controle da impulsividade e melhora da autoestima.

Mudanças no estilo de vida: em casa, estabeleça rotinas claras e consistentes para ajudar seu filho(a) a se sentir seguro(a) e organizado(a). Use lembretes visuais, como quadros de tarefas, para facilitar o cumprimento de atividades. Incentive hábitos de estudo saudáveis e faça pausas regulares para atividade física. Faça elogios quando ele(a) atingir metas e seja paciente com as dificuldades. Participar de grupos de apoio para pais pode fornecer insights adicionais e estratégias para ajudar seu filho(a).

Medicação: estimulantes como o metilfenidato e a lisdexanfetamina. Mas, desde 2023, foi aprovada no Brasil uma nova opção de medicamento não estimulante, a atomoxetina, que age de forma um pouco diferente no cérebro.

Para melhorar a atenção, encoraje o adolescente a dividir tarefas longas em etapas menores, utilizando listas de verificação para acompanhar o progresso. Criar um ambiente de estudo livre de distrações e usar técnicas de estudo variado, como mapas mentais, pode ajudar a manter o foco. Ferramentas digitais, como aplicativos de organização, também podem ser úteis. Incentive o uso de cronômetros para sessões de estudo com intervalos regulares, promovendo um equilíbrio entre trabalho e descanso.

Para muitas famílias, a medicação estimulante tem sido, e continuará sendo, um salva-vidas. Mas há muitas outras crianças que se beneficiariam de uma abordagem nova e diferente. Minha esperança é que a pesquisa leve a uma nova maneira de tratar o TDAH e uma nova maneira de pensar sobre isso.

Fontes:

Saiba mais:

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

deixe uma mensagem O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

mensagem enviada

  • Roberta Fruchella disse:

    Doutor quando li seu relato de experiência no trabalho e com os próprios filhos, me enxerguei na minha vida de professora e mãe com as mesmas preocupações. Parabéns pelo trabalho e gratidão por compartilhar seu conhecimento!

posts relacionados

INICIATIVAS DA FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ INSTITUTO PENSI SETÚBAL
fundação José Luiz Setúbal
Sabará Hospital Infantil
Pensi Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil
Infinis

    Cadastre-se na nossa newsletter

    Cadastre-se abaixo para receber nossas comunicações. Você pode se descadastrar a qualquer momento.

    Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade de Instituto PENSI.