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Filme Jojo Rabbit aborda amigo imaginário na infância
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Filme Jojo Rabbit aborda amigo imaginário na infância

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19/02/2020
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Outro dia fui ver Jojo Rabbit, um dos filmes que concorreu a alguns Oscars e que conta a história de Jojo, um menino de 10 anos que vive na Alemanha nazista durante o final da Segunda Guerra. Neste ambiente conturbado, ele, que é membro da Juventude Hitlerista, tem que lidar com um amigo imaginário que é ninguém menos que Adolf Hitler, com quem conversa e discute seus problemas e suas angústias a fim de ouvir seus conselhos.

Fazendo um contraponto disso ele tem uma mãe que faz parte da resistência, acolhe uma menina judia, e também precisa lidar com a perda de uma irmã e a ausência do pai, que está supostamente lutando na Itália. Jojo tem somente um amigo, que como ele sofre bullying, por serem diferentes.

Amigo imaginário na infância

A literatura psicológica revisada apresenta evidências de que a presença de amigos imaginários na vida das crianças é algo comum, saudável e positivo. Pesquisas da Universidade de Stanford mostram que entre 20 e 30% das crianças apresentam, pelo menos temporariamente, uma companhia invisível. É importante ressaltar que as crianças, em sua maioria, têm consciência de que os amigos imaginários não são reais e só existem na sua imaginação. Por mais que sejam capazes de fazer descrições extremamente detalhadas sobre seus amigos, as crianças sabem que não são reais.

A distinção entre a relação estabelecida com o amigo imaginário ou com um personagem fruto de um delírio patológico não é difícil. Isso porque, no caso do amigo imaginário, a criança está sempre no controle, ou seja, nunca é dominada pela personagem que criou. Além disso, o tempo de duração da relação é bastante distinto em ambos os casos, portanto não há com que se preocupar.

O amigo imaginário pode ser uma importante fonte de conforto emocional quando a criança passa por dificuldades. Algumas crianças desenvolvem amigos imaginários após terem passado por um trauma e esse amigo pode ser um recurso fundamental para a criança gerir as suas emoções. Estudos da Universidade de Oregon afirmam que 70% das crianças que tinham amigos imaginários eram os filhos mais velhos ou filhos únicos.

Outras dimensões importantes são as mudanças drásticas na rotina das crianças: quando entram na escola, quando deixam de ser filhos únicos, quando um dos pais se ausenta por longos períodos, quando a criança perde um ente afetivamente relevante, quando muda de casa etc. Nesses momentos, o amigo imaginário aparece com a função de aliviar o penoso processo de transição. Quando as situações se restabelecem, a tendência é que os amigos imaginários desapareçam.

O legal do filme é que ele trata de temas difíceis como antissemitismo, nazismo, preconceito, guerra, perda de pais, de irmãos, de violência, do crescimento, do aparecimento do amor, entre tantos outros de uma maneira delicada, engraçada e apropriada para ser vista tanto por crianças como por adultos. E no final Jojo saberá como acabar sua relação com Adolf de uma maneira bem sadia, como acontece com todas as crianças que tem ou tiveram amigos imaginários.

Se quiser uma boa diversão para ver com seus filhos neste carnaval, vá ver Jojo Rabbit.

Saiba mais:

O AMIGO IMAGINÁRIO NA VISÃO DE PSICÓLOGOS E PSIQUIATRAS INFANTIS
Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.24 no.3 Belo Horizonte set./dez. 2018
http://dx.doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018v24n3p812-833
DOI – 10.5752/P.1678-9563.2018v24n3p812-833
Juliana Marion; Angélica Dotto Londero; Caroline Rubin Rossato Pereira; Ana Paula Ramos de Souza

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Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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