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Voluntárias confeccionam brinquedos recicláveis para aliviar a rotina hospitalar dos pacientes do Sabará Hospital Infantil
A confecção de brinquedos com materiais recicláveis é uma das atividades mais destacadas do Programa Voluntariado Sabará, apoiado pelo Instituto PENSI. Há doze anos, os cerca de 100 voluntários se dedicam a transformar o ambiente hospitalar em um espaço mais lúdico e acolhedor para os pacientes pediátricos. Essa iniciativa não só proporciona entretenimento e diversão, mas também contribui para a formação, socialização e desenvolvimento de habilidades psicomotoras, afetivas, cognitivas e emocionais das crianças.
A psicopedagoga Caroline Sanches, coordenadora do programa desde fevereiro de 2020, explica que a atuação dos voluntários — que pode ser presencial ou em home office — envolve a criação de brinquedos e jogos com materiais produzidos pelo próprio hospital. “Todos os itens têm moldes e modelos para facilitar a confecção. Tentamos sempre manter um padrão de qualidade para que a criança receba o melhor possível”, detalha Caroline. Entre os brinquedos feitos estão pulseiras, jogo da velha, dama, chocalhos, quebra-cabeças, Uno e dominó. “Todos os itens são aprovados pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e são separados por faixa etária”, acrescenta. Para se ter uma ideia, em 2023 foram entregues 11.943 kits-surpresa e 373 sonequinhas — travesseiros feitos por essa equipe.
Tal cuidado e esforço já trouxeram frutos. Em 2021, o programa ficou entre os dez finalistas, de mais de 200 instituições, do Prêmio Aplaude — Ações Voluntárias que Transformam. “Só reforça que o nosso trabalho é muito importante”, celebra Caroline, que completa: “Sempre temos também um ótimo feedback dos pais em relação aos brinquedos produzidos por nós mesmos. As crianças ficam encantadas quando entra o voluntário entregando um envelope-surpresa com vários itens. Nossa maior satisfação é receber esses sorrisos”.
Para integrar o time do Programa Voluntariado do do Sabará Hospital Infantil/Instituto PENSI, a pessoa precisa ter entre 18 e 60 anos; disponibilidade mínima de três horas semanais; estar com a imunização em dia, conforme o calendário nacional de vacinação; um bom domínio do idioma português; maturidade para atender às demandas da ambiência hospitalar; gostar de crianças e se dispor a brincar, contar histórias, fazer dobraduras, cantar, reconfortar, acolher e ouvir; e ser comprometido, responsável e assíduo.
A formação teórica para o voluntariado é realizada a cada quatro meses (em média três capacitações por ano), em horários alternativos: durante a semana, a partir das 18h30, e uma capacitação aos sábados, a partir das 8h30. Após a capacitação teórica, os voluntários são treinados para o dia a dia da prática hospitalar. Os locais de atuação são: pronto-socorro, brinquedoteca, unidade de internação, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e centro cirúrgico (recepcionando e brincando com os pacientes que aguardam para realização de procedimentos). Ou seja, o objetivo geral do projeto é criar uma equipe fortalecida para tornar a estadia do pequeno o mais acolhedora possível.
A securitária Camila Uehara passou por todo esse processo até se tornar voluntária em fevereiro de 2023. Ela acredita que, na verdade, os benefícios são maiores para a própria equipe. “Aqui temos a oportunidade de praticar a empatia. A resposta das crianças é algo realmente transformador. Fico extremamente feliz ao vê-las se divertindo com algo que fiz.” Um dos seus momentos mais emblemáticos foi quando ensinou um garoto chinês a brincar com o jogo da memória. “Eu não falo o idioma dele. Então, mostrava o sinal de positivo com os polegares quando as imagens eram iguais e fazia o sinal de negativo com os indicadores quando as imagens eram diferentes. Ele aprendeu rapidamente e jogamos duas ou três partidas”, recorda.
Além disso, o programa incentiva a criatividade dos seus colaboradores na confecção. “Todos podem produzir os brinquedos e jogos, seja aqui na sala do voluntariado ou em suas próprias casas. Às vezes, os voluntários não estão bem para descer e brincar com as crianças; então eles ficam na sala produzindo. Acaba virando uma terapia, por serem trabalhos manuais que auxiliam muito na distração”, explica a coordenadora Caroline Sanches.
Camila, por exemplo, criou um chocalho de papelão e tampinhas de garrafa PET que foi aprovado e incluído nos kits para bebês de 0 a 12 meses. “Eu mesma pude entregar a primeira leva desses chocalhos e, ao ver os bebês sorrindo e brincando com um brinquedo que desenvolvi, fiquei emocionada”, admite. Ou seja, uma ação simples, mas que transforma a rotina da família que está internada. “Como uma mãe me disse: ‘Ver minha filha parar de chorar e ficar brincando em meio à dor é muito gratificante’. Isso faz tudo valer a pena.”
Por Rede Galápagos
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