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Do que morrem as crianças no Brasil
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Do que morrem as crianças no Brasil

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07/01/2022
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As principais causas das mortes nas crianças menores de seis anos no Brasil segundo estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) são as complicações perinatais (pouco antes ou depois do parto) ou doenças respiratórias, infecciosas e parasitárias, ou seja, que poderiam ser evitadas com atendimento médico apropriado na primeira infância.

Os dados revelam a alta proporção de óbitos: ao menos 32% das mortes de crianças de 540 mil das 950 mil avaliadas ocorrem por problemas perinatais, seguidas de 25% (423 mil) de causas externas ou acidentes como afogamentos, automobilismo e por violência. Causas cromossômicas ou más formações atingem 11 % dos nascimentos e 6% são devidos a doenças respiratórias.

Após um ano de vida, de 1 a 4 anos, a principal razão de morte é a causa externa, responsável por 33 mil mortes, seguidas de 29 mil de doenças respiratórias e 21 mil de doenças infecciosas e parasitárias. A taxa de mortalidade na infância – indicador que aponta a probabilidade de um recém-nascido não completar os cinco anos de idade – recuou em 2019. Diferentemente do observado durante a década de 1980, quando o índice era de 69 óbitos para cada mil nascidos vivos, em 2018 esse valor foi de apenas 12,4, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mortalidade das crianças menores de 5 anos ou mortalidade na infância também declinou neste período. Em 2018, de cada mil nascidos vivos, 14,4 não completavam os 5 anos de idade. Em 2019, esta taxa foi de 14,0 por mil, declínio de 2,8% em relação ao ano anterior.

O Ministério da Saúde não se manifestou sobre este estudo. Condições estruturais, como a falta saneamento ou de acesso ao esgoto e à água potável, agravam o problema. Quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável e para cerca de 100 milhões não há serviço de coleta de esgotos. Desse total, 5,5 milhões estão nas 100 maiores cidades do país, segundo o Instituto Trata Brasil. Doenças como cólera e febre tifoide são transmitidas pela água contaminada.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Brasil tem 43 mil pediatras (ou 21 por 100 mil habitantes). O número é considerado muito bom mesmo em comparação aos países desenvolvidos. Mas a distribuição desses especialistas é desigual, pois a maior parte deles está nos grandes centros e na rede privada. Em 2019, segundo dados do SUS, apenas 1,35 milhão de consultas de puericultura para acompanhar o desenvolvimento infantil foram realizadas por um pediatra. O número representa 0,07% da quantidade necessária na faixa etária de 1 a 6 anos. É considerado incompatível com os parâmetros de excelência de protocolos pediátricos e com as orientações do Ministério da Saúde. As normas recomendam que, nessa faixa, as crianças tenham, pelo menos, 13 consultas pediátricas. Sete devem ser no primeiro ano de vida. Na pandemia, o acesso aos serviços de saúde ficou ainda mais prejudicado.

Atualmente, a maior parte do atendimento na primeira infância é feito por equipes de atenção primária. Eventualmente, esses profissionais fazem consultas remotas a pediatras. Além disso, nem todas as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) contam com esse especialista.

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade defende o trabalho dos profissionais da sua especialidade dizendo que o médico de família e comunidade tem competência para acompanhar a criança não apenas em seus primeiros anos de vida, mas também em todo o seu desenvolvimento. Para ela, pediatras e médicos de família devem trabalhar juntos e defendendo que os pediatras entrem no apoio, para os casos que não podem ser resolvidos pelo médico de família.

As cinco principais causas de mortes infantis no Brasil em 2019 foram:

  1. Septicemia (infecção generalizada) bacteriana do recém-nascido
  2. Feto e recém-nascido afetados por problemas maternais
  3. Desconforto respiratório em recém-nascido
  4. Feto e recém-nascido afetado por complicações na gravidez
  5. Feto ou recém-nascido prematuro ou com gravidez alongada

Como 70% dos óbitos infantis ocorrem no primeiro mês de vida, as ações de saúde – após todos esses anos de queda – deveriam focar em tecnologia e acesso a serviços de média e alta complexidade para os bebês que nascem com problemas congênitos ou prematuros, como a criação de UTIs pediátricas, formação de pessoal de saúde adequado a atendimento de crianças complexas, além é claro de acesso à vacinação, combate à desnutrição e melhoria das condições de saneamento, que deve finalmente melhorar com o estabelecimento do marco regulatório do setor.

A Fundação José Luiz Egydio Setúbal tem como objetivo prioritários nesta década atuar em três frentes: Saúde Mental, Imunização e Segurança Alimentar. Também estamos comprometidos com as ODS da ONU e acreditamos que podemos ajudar atuando com a melhoria do acesso à cobertura vacinal, onde já atuamos em parceria com a UNICEF e na Segurança Alimentar, colaborando em programas de combate à desnutrição.

Fontes:

https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,pelo-menos-44-das-mortes-de-criancas-sao-por-doencas-evitaveis-diz-estudo,70003883521

https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/outubro/18/boletim_epidemiologico_svs_37_v2.pdf

Saiba mais:

https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/inadmissivel-piora-na-mortalidade-infantil/

https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/determinantes-sociais-da-saude-infantil/

https://institutopensi.org.br/a-saude-das-criancas-negras/

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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