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O Brasil tem cientistas talentosos e indústria para criar e produzir vacinas
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O Brasil tem cientistas talentosos e indústria para criar e produzir vacinas

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07/10/2022
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Sue Ann Costa Clemens, no 6º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil: “Desafios existirão sempre. Nós, pesquisadores, é que temos que incansavelmente buscar os meios e o financiamento para enfrentá-los”

 

Ela foi bem-sucedida na coordenação dos estudos clínicos com a vacina da Oxford/AstraZeneca no Brasil e, principalmente, em seus pedidos para conseguir financiamento para instalar os seis centros de testagem que foram responsáveis por 50% dos testes do imunizante da marca contra covid-19 realizados no mundo. Essas são apenas duas das vitórias da carioca Sue Ann Costa Clemens. Médica infectologista e pediatra, ela chefia o comitê científico da Fundação Bill e Melinda Gates, é professora convidada da Universidade de Oxford (vai dirigir a primeira sede da universidade fora do Reino Unido, no Rio de Janeiro) e criadora do primeiro mestrado em vacinologia do mundo, na Universidade de Siena, na Itália. Na aula magna do segundo dia do 6º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil, a especialista detalhou “A importância do investimento em pesquisa no Brasil”.

“Em 12 meses conseguimos desenvolver as vacinas para covid-19, e acho que agora temos capacidade de criar ferramentas para abreviar esse tempo. Eu faço parte de algumas etapas dessa missão que pretende lançar uma vacina em 100 dias.”

Além das testagens realizadas no Brasil, a dra. Sue Ann esteve envolvida com atividades dos 22 centros de pesquisa em 7 países na América Latina — parte da rede colaborativa do Covax Facility. Colaboração, ela diz, é essencial para que uma vacina passe por todas as fases de seu desenvolvimento. “Se não trabalharmos bem e de forma coletiva, não vamos a lugar nenhum”, observa. Segundo ela, é preciso estimular pesquisadores em todo o mundo para explorar grandes ideias coletivamente, em cada etapa do caminho, desde a descoberta até o impacto de uma vacina ou de um fármaco. Também é necessário identificar prioridades estratégicas, fomentar, dar suporte, sempre focando em oportunidades reais para transformar vidas, estimulando a inovação em todo o seu potencial. Esses são objetivos importantes e atraem a possibilidade de conseguir fundos internacionais e boas parcerias.

A tônica da sua aula magna foi analisar os casos de sucesso no mundo e também detalhar quais são os desafios que é preciso ultrapassar, em terras brasileiras, para que uma vacina possa ser desenvolvida do mapeamento do antígeno até o licenciamento e lançamento do produto. “Desafios existirão sempre. Nós, pesquisadores, é que temos que incansavelmente buscar os meios e o financiamento para combatê-los”, disse ela em suas conclusões finais.

A dra. Sue Ann considera que o Brasil já provou ter muitos talentos e expertise, pois conta com excelentes pesquisadores e infraestrutura acadêmica; dispõe de uma indústria privada ativa e de tamanho adequado para investimentos; tem uma indústria pública ativa e produtiva. “Um dos lados negativos é o escasso incentivo privado à inovação”, ressalta. Veja alguns desafios apontados por ela para levantar fundos internacionais de diversas instituições científicas e não ficar apenas dependendo de governos:

  • Os custos do desenvolvimento clínico são mais elevados do que na maioria dos países da Ásia, embora mais baixos do que nos EUA e na África.
  • Existe uma dificuldade de comunicação na língua inglesa. Poucos pesquisadores brasileiros são realmente fluentes em inglês, e ter um intermediário tradutor gera aumento de custos e também atrapalha a rapidez do fluxo com que as informações científicas precisam ser passadas para a indústria.
  • Os tempos para aprovações éticas e regulatórias não são competitivos.
  • Há escassez de centros de excelência em pesquisa que possam se responsabilizar pelo processo todo, do design da vacina até o licenciamento.
  • Faltam treinamento e formação de profissionais em pesquisa e desenvolvimento.
  • Falta o reconhecimento de oportunidades de parcerias e financiamentos internacionais, pois existem instituições de fomento e existem ferramentas para procurá-las.

Os custos demonstrados na aula magna são altos. É necessário investir cerca de 1 bilhão de dólares para o desenvolvimento de um produto que deu certo. “Se colocarmos na conta todos os que não deram certo, essa fatura é maior. Falar em investimentos não é fácil, pois tem que saber com quem, como, quando e em qual parte do processo investir”, explica. Em geral, há cinco vacinas candidatas e só uma delas chega ao final do processo, que é o licenciamento.

Os exemplos internacionais mostram que vale investir. A Índia, por exemplo, produz um terço das vacinas mundiais graças a estratégias,  parcerias e investimento privado. A Coreia do Sul, com planejamento e investimento, em cinco anos se tornou o maior produtor de anticorpos monoclonais do mundo. Na China, as empresas públicas financiam o fornecimento de massa, enquanto as companhias privadas, as inovações. Os governos apenas traçam as estratégias para isso, como no Japão, onde as parcerias público-privadas são pensadas para trazer impacto social e econômico.

O próximo desafio com que a dra. Sue Ann está envolvida é complexo — o Reino Unido estabeleceu a meta de entregar uma vacina em 100 dias. “Em 12 meses conseguimos desenvolver as vacinas para covid-19, e acho que agora temos capacidade de criar ferramentas para abreviar esse tempo. Eu faço parte de algumas etapas dessa missão.” Leia mais sobre as realizações da área de vacinas que dependeram da ação dessa brasileira nesta entrevista exclusiva ao Notícias da Saúde Infantil.

Por Rede Galápagos

Fotos: Agliberto Lima

 

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