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VACINAÇÃO: é hora de lutar por esta causa
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VACINAÇÃO: é hora de lutar por esta causa

VACINAÇÃO: é hora de lutar por esta causa

13/01/2022
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Este é o título da publicação que fizemos com o material da discussão do nosso II Fórum de Políticas Públicas, realizado em dezembro de 2020. Imunização de crianças e adolescentes é um dos três pilares de defesa da Saúde Infantil (Advocacy) que a Fundação José Luiz Egydio Setúbal escolheu para trabalhar na década de 2020/30, juntamente com Saúde Mental e Segurança Alimentar.

Escolhidos em 2016/17 e baseados nos Objetivos de Sustentabilidade da ONU (ODS), neste período de pandemia eles estão mais que atuais, principalmente aqui no Brasil. A Saúde Mental da população em geral e, particularmente, das crianças e jovens afastados das escolas foi muita afetada e crises de ansiedade e depressão são cada vez mais frequentes. A crise econômica levou milhares de famílias de volta para baixo da linha de pobreza, tornando a miséria e, por consequência, a fome uma realidade para milhões de crianças brasileiras.

Nos últimos dias, vêm se debatendo a vacinação para a covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos, e temos visto a resistência de um governo que desmantelou todo um sistema de saúde que existia no Ministério da Saúde para prevenção e promoção de saúde. Não entrarei no mérito da vacinação contra a covid-19, já que escrevi sobre minha posição favorável sobre isso anteriormente.

Mas, vejamos se existe seriedade em um governo onde o responsável pelo controle de doenças evitáveis por vacinas no Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que todos nós passamos a conhecer graças ao negacionismo do nosso presidente e dos dois últimos ministros da Saúde, está sem um coordenador desde julho, momento inédito em seus 48 anos de existência.

O programa tem desafios que vão além da covid-19. Com a queda brusca nas coberturas vacinais do calendário nacional de vacinação desde 2016, em 2020, o país atingiu patamares de vacinação similares aos de 1980. Mesmo diante desse cenário, o PNI enfrenta, pela primeira vez, um presidente da República e integrantes do governo que adotam um discurso antivacina. Sem coordenação desde o dia 7 de julho, quando Franciele Fontana pediu exoneração, o PNI não teve mais um coordenador. Chegou a ter o pediatra Ricardo Gurgel, indicado, nomeado e publicado no Diário Oficial, mas ele não tomou posse porque teve o nome vetado por posições a favor da vacina e contrárias ao que pensa o presidente Jair Bolsonaro.

Em um ato de coragem raro neste governo, a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19, do Ministério da Saúde, elaborou uma nota técnica em que reforça a segurança da aplicação das vacinas em crianças. “Antes de recomendar a vacinação da covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada”, escreveu a chefe da pasta, Rosane Leite de Melo.

A posição foi externada ao Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito de uma ação movida pelo PT, quando a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu mais prazo para fornecer um calendário de vacinação contra o coronavírus. A manifestação contraria as falas recentes do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que têm colocado em xeque a segurança do imunizante da Pfizer na faixa etária de 5 a 11 anos. O CONASS também se posicionou contra a manifestação do Ministério que sugeriu que iria pedir a necessidade de autorização dos pais e de receita médica para que as crianças entre 5 e 11 anos fossem vacinadas, algo inédito no país, pois já teria parecer favorável dos técnicos da ANVISA e do próprio Ministério da Saúde, onde fazem parte os especialistas das mais respeitadas sociedades médicas das especialidades afeitas ao caso.

Mas, nem tudo está perdido, parece haver luz no fim do túnel ou no governo: em 13 de dezembro, o ministério lançou o Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, em parceria com a Fiocruz. A ação estratégica tem como meta que o aumento na cobertura vacinal seja homogêneo em todo o país até 2025. Voltando ao documento de 2020, fazemos várias propostas para que isso seja alcançado:

 1) Acesso

As Unidades Básicas de Saúde são relativamente bem distribuídas, mas a grande maioria funciona apenas nos dias de semana e em horário comercial. Em algumas localidades, porém, há mesmo escassez de postos.

O que pode ser feito:

  • Ampliar o horário de atendimento.

A abertura em horário comercial, e apenas nos dias de semana, dificulta que alguns trabalhadores possam ser vacinados ou levem as crianças para serem vacinadas.

  • Fazer busca ativa.

A vacinação casa a casa, como ocorreu em alguns lugares na campanha contra o sarampo em 2019, deve virar rotina.

  • Vacinar em sistema drive-thru.

É frequente em alguns municípios para vacinar contra a covid-19.

  • Vacinar em estabelecimentos de ensino.

Trata-se de uma forma muito eficaz de elevar a cobertura entre pessoas em idade escolar.

2) Atuação dos profissionais de saúde

As pessoas que veem os profissionais de saúde como referência sobre vacinas têm mais confiança nos imunizantes. Mas, no Brasil, eles são apenas a quarta principal fonte de informação sobre o tema.

O que pode ser feito:

  • Falar sobre vacinas nas consultas.

Poucos médicos conversam sobre imunização com seus pacientes – à exceção de pediatras, obstetras e geriatras (estes, quase exclusivamente sobre prevenção contra gripe).

  • Afixar calendários vacinais nas salas de espera.

Mesmo em consultórios de não pediatras. A vacinação de adultos e adolescentes ajuda a deter surtos de doenças que podem infectar crianças.

  • Usar a triagem como oportunidade para vacinação.

Os profissionais responsáveis por fazer a triagem de pacientes em UBSs e hospitais desperdiçam diariamente ocasiões para verificar se as pessoas estão com o calendário de vacinação em dia.

  • Aperfeiçoar a formação.

Congressos, simpósios, jornadas e cursos devem ser encarados como oportunidades para divulgar novidades sobre vacinação – o calendário é dinâmico e os avanços na área são frequentes.

3) Estímulos

A importância da vacinação não deve ser tema apenas das áreas de saúde. Outras instâncias e mecanismos – inclusive imposições legais – podem contribuir para convencer mais pessoas a se vacinarem.

O que pode ser feito:

  • Firmar parcerias com a instituições da sociedade civil.

Associações de moradores, sindicatos de trabalhadores e igrejas, entre outras entidades, têm grande capacidade de mobilização e conscientização.

  • Estabelecer regras para matrícula.

A Sociedade Brasileira de Imunizações defende a implantação de mecanismos que obriguem a apresentação da carteira de vacinação de crianças e adolescentes como pré-requisito para matrícula em escolas e creches.

4) Desabastecimento

A falta de produtos geralmente é pontual, mas por vezes atinge algumas UBSs – foi o que ocorreu em 2019 e 2020 com a pentavalente, que protege contra cinco doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e um tipo de meningite. Para não falar, claro, da covid-19.

O que pode ser feito:

  • Investir na formação de estoques.

A redução de investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), acentuada desde 2016, teve impacto no Programa Nacional de Imunizações.

  • Criar estratégias para diminuir perdas de doses.
  • A falta pontual de vacinas desmotiva as pessoas a se deslocarem até as UBSs.

5) Comunicação

A crise de confiança nas imunizações tem sido, em boa parte, alimentada por notícias falsas. Logo, estratégias eficazes de comunicação são cruciais para superar os retrocessos dos últimos anos.

O que pode ser feito:

  • Diversificar os canais.

Nestes tempos de comunicação fragmentada, uma única mensagem não consegue chegar a todos. Nenhum meio alcança os vários públicos. É necessário tanto manter relacionamento estreito com a mídia tradicional como atuar nas redes sociais.

  • Incluir médicos e enfermeiros.

Profissionais da saúde são vetores primordiais de comunicação sobre vacina. Devem tocar no assunto sempre que possível e esclarecer dúvidas – sem usar termos técnicos.

  • Engajar-se para valer.

Uma das características dos grupos antivacinas é que são extremamente engajados. Fazem da antivacinação uma causa. A maior parte da população brasileira acredita nas vacinas, a grande maioria dos profissionais de saúde também. Mas quantos se dispõem a defender as vacinas nas redes sociais? Quantos compartilham com ímpeto informações corretas sobre imunizações? Quantos fazem da vacinação de fato uma causa?

Após esse Fórum, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal fez parcerias com a SBin (Sociedade Brasileira de Imunizações) e a Unicef em um programa piloto para melhoria de taxa de imunização em vários municípios brasileiros, fez várias campanhas de conscientização de vacinação para a covid-19 e para outras vacinas do calendário brasileiro de imunização, até ganhando reconhecimento do YouTube International por esta campanha, e este tema tem sido frequente em nosso blog, em nossos Simpósios, Congressos e Webinars para o público de profissionais da saúde e leigo.

Com isso, esperamos contribuir pelo menos um pouco para voltar a melhorar este indicador tão importante de Saúde da Infância e do Adolescente.

 

Saiba mais sobre este assunto:

  • O porquê das vacinas

https://www.youtube.com/playlist?list=PLdctaWFAO0WPdy-R2Vv60tP7mqpEyL03V

  • Coronavírus?

https://www.youtube.com/watch?v=oug368Ih9Xc&t=23s

  • Explicando a vacina de covid-19 para crianças

https://www.youtube.com/watch?v=-_9Q4vODGpY&t=12s

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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