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“O PENSI tem vocação para oferecer pós-graduações em especialidades pediátricas”
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“O PENSI tem vocação para oferecer pós-graduações em especialidades pediátricas”

“O PENSI tem vocação para oferecer pós-graduações em especialidades pediátricas”

09/05/2023
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Dr. Carlos Alberto Malheiros, professor titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo desde 2010 e integrante do Conselho Científico do Instituto PENSI desde dezembro de 2022

 

Ele acompanha a veia filantrópica do dr. José Luiz Egydio Setúbal desde os tempos da faculdade, a FCM da Santa Casa de São Paulo. “Sentamos juntos no primeiro dia de aula à mesa 11 da anatomia e nunca mais nos separamos”, relembra o dr. Carlos Alberto Malheiros, que considera o dr. Zé Luiz um amigo-irmão. Ele testemunhou o entusiasmo quando da aquisição do Pronto-Socorro Infantil Sabará e a realização do sonho do novo hospital, onde deu seus pitacos na área de alta complexidade. “O sonho seguinte foi a criação de um instituto de ensino e pesquisa, liderado desde seus primórdios pela dra. Fátima Rodrigues Fernandes, minha contemporânea na faculdade e por quem também tenho admiração e respeito”, conta o dr. Malheiros, que recebeu dela o convite para participar do Conselho Científico do Instituto PENSI.

O dr. Malheiros construiu sua carreira médica e acadêmica na FCM da Santa Casa, onde fez residência médica em cirurgia geral, mestrado, doutorado e livre-docência. Tornou-se chefe da área de Cirurgia do Estômago (de 2000 a 2017) e diretor do Departamento de Cirurgia (de 2006 a 2011). Foi diretor do curso de medicina da faculdade de 2017 a 2020 e, desde 2021, é coordenador de educação do ISantaCasa – Instituto Santa Casa de Educação, Pesquisa e Inovação. “Para mim foi uma honra ter sido convidado para participar de um projeto com essas pessoas, maior ainda quando conheci o time de conselheiros. Tenho certeza de que vou aprender mais do que transmitir, receber mais do que doar. Mas agora sei que vou participar de maneira mais efetiva, sem ser como palpiteiro, e sim com responsabilidades”, reflete.

A seguir, o dr. Malheiros fala sobre a formação de bons profissionais na área médica, a situação dos cursos de medicina no país e o futuro do Instituto PENSI.

 

Notícias da Saúde Infantil — Quais são os requisitos mais importantes para a formação de um bom médico ou um bom profissional de saúde?

Carlos Alberto Malheiros — Há muito tempo digo que a medicina é classificada como uma ciência biológica, mas ela é sobretudo uma ciência humana e acho que hoje falta isso na maior parte dos cursos de medicina. A formação técnica pode ser consistente e muito sólida, e boa parte dessa formação hoje está na internet, mas a prática tem que ser no hospital, na unidade básica de saúde, para viver o dia a dia do médico. Segundo as diretrizes nacionais curriculares, um terço do internato precisa ser feito em unidade de atenção primária, que é onde começa a linha de cuidado completo. Sabemos que todas as especialidades da medicina não cabem mais em seis anos de curso, não existe tempo para tudo, então é preciso dar o fundamental e ensinar o aluno de medicina a aprender. Mesmo em currículos modernos, que mesclam clínicas com ciências básicas, os seis anos devem cobrir humanidades, saúde mental, ciências sociais e bioética.

Notícias da Saúde Infantil — Como as universidades têm abordado as questões éticas?

Carlos Alberto Malheiros — São conduzidos workshops e há questões específicas tratadas no começo da faculdade e na fase intermediária. Mas é preciso ampliar os debates e as reflexões, pois boa parte das queixas nas comissões de ética no hospital não existiria se melhorasse o nível do relacionamento médico-paciente e médico-equipe. Por exemplo, às vezes o aluno fica muito preso ao conceito de que saber a verdade é um direito fundamental do paciente e, ao dar uma notícia ruim ao paciente, ele solta a verdade como se fosse uma bomba nuclear. Diante disso, alguns pacientes desabam e outros ficam revoltados… Mesmo cansado, o médico precisa entender que a maneira de se comunicar pode prevenir desgastes desnecessários para a comissão de ética. Dependendo de como se combinam as coisas com os colegas, deixar para atender um caso no dia seguinte pode se configurar omissão de socorro. Quando falo em relacionamento com a equipe, principalmente em ambientes de urgência, é fundamental estabelecer um bom diálogo, pois o nível de estresse a que todos estão submetidos é um complicador. Como as condições no mercado de trabalho são duras, só consegue aguentar essa rotina o profissional de saúde que gosta do que faz.

Notícias da Saúde Infantil — O senhor vive a realidade do funcionamento de uma faculdade de medicina (a Santa Casa) que conta com leitos do SUS para a prática dos alunos de graduação e de residentes. Em que medida essa realidade impacta a formação do estudante?

Carlos Alberto Malheiros — Em primeiro lugar, é preciso explicar aos estudantes que o SUS foi um ganho para a sociedade brasileira, que veio com a Constituição de 1988. O sistema preconiza o cuidado à saúde e não a assistência médica, ou seja, o importante não é o médico, mas sim a atenção à saúde. O SUS é elogiado por qualquer país no Hemisfério Norte e só não é maravilhoso por um problema grave de financiamento. Acho muito necessário passar para os alunos que o cuidado com a saúde é multiprofissional, que o médico sozinho não pode fazer nada. Além dos conceitos que fundamentam o SUS, como equidade e cuidado universal, quando os alunos acompanham a prática têm contato com a parte técnica e percebem a importância das anamneses, do exame físico. A grande vantagem do hospital-escola é que há vários níveis superiores para discutir, conversar e aprender. Na Santa Casa, o contato com pacientes acontece desde o início da faculdade. É recomendado que cada estudante tenha cinco leitos à disposição, e temos isso no internato, nos dois últimos anos da graduação. E o mais importante é ter um preceptor de internato para cada 10 a 12 alunos.

Notícias da Saúde Infantil — Segundo dados da Radiografia das Escolas Médicas Brasileiras (2020), divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), 55,7% (191 cursos) das escolas médicas estão localizadas em municípios sem nenhum hospital apropriado para a docência. Qual a sua opinião sobre esse dado?

Carlos Alberto Malheiros — Isso é um desastre completo! Voltando à Constituição, o Brasil precisa de saúde e não de médico, que sozinho não faz nada. Você pode colocar o médico cubano, argentino, brasileiro no meio do mato e ele vai fazer o que sem farmácia, sem fisioterapeuta, sem hospital? Se os conteúdos da medicina já não cabem em seis anos, é ainda mais essencial fazer residência para obter treinamento concentrado em serviço. Um dos grandes problemas é que aumentou o número de escolas médicas, mas não o número de hospitais nem de vagas para residência; então temos uma enxurrada de médicos que treinaram em centros que não tinham hospitais. E onde eles fazem a formação prática? No simulador, no boneco. Acho a simulação no ambiente controlado sensacional, mas se comparamos a medicina com a aviação, depois de muitas horas de voo é preciso sentar na cadeira de copiloto e depois na de piloto. Piloto que só treina no simulador, sem avião, não vira piloto! O médico precisa completar sua formação vendo casos reais e com professor ao lado, orientando.

Notícias da Saúde Infantil — O senhor enxerga opções para mudar isso?

Carlos Alberto Malheiros — Para resolver esse problema só construindo hospitais onde há faculdades de medicina. Em algumas cidades no Nordeste, fazendeiros abastados construíram unidades de saúde e hospitais de pequeno porte para dar retaguarda às escolas. Isso é muito nobre; pena que não haja políticas públicas e financiamento para dar conta de construir unidades onde são necessárias no país. Desbloquear as quarentenas para novas escolas e ampliar o número de vagas de estudantes, sem proporcionar uma estrutura para treinamento, é, no mínimo, repugnante. (Nota da redação: A proibição de novos cursos, em vigor desde 2018, com intenção de controlar a qualidade da formação de profissionais de saúde, depois da criação desenfreada de faculdades privadas, se encerrou em 5 de abril. O MEC tem intenção de afrouxar a regra, autorizando faculdades onde há falta de médicos.)

Notícias da Saúde Infantil — Quais iniciativas o Instituto PENSI abraça ou pode abraçar para colaborar para a melhoria da formação médica no país?

Carlos Alberto Malheiros — Partindo da experiência com o programa de residência em pediatria e de terapia intensiva em pediatria, acho plenamente possível desenvolver outras residências em especialidades pediátricas. O Sabará Hospital Infantil, com esse porte e o trabalho com média e alta complexidade, pode expandir para cardiologia, nefrologia, neurologia e neurocirurgia pediátrica, por exemplo. O PENSI tem alguns diferenciais atrativos: é um programa novo em um hospital privado que proporciona conforto ao residente, sem sobrecarga. Ele respeita a sequência de aprender no simulador e aí sentar nas cadeiras de copiloto e de piloto. Na Santa Casa, eu diria que os residentes têm mais voos, mas sem a mesma estrutura para formação. À medida que for se consolidando o programa de residência em pediatria do PENSI, a procura será cada vez maior.

Notícias da Saúde Infantil — De que forma e em quais áreas espera colaborar como conselheiro científico do Instituto PENSI? Como enxerga o futuro?

Carlos Alberto Malheiros — O Instituto PENSI começou do zero no único hospital pediátrico privado de São Paulo, colocando tijolo por tijolo na parede de maneira muito firme, com programas de iniciação à pesquisa invejáveis, tanto na pesquisa básica quanto na clínica, com potencial grande para crescer. Na área de filantropia, conduz um ambulatório vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, com profissionais remunerados pela FJLES, ou seja, é um investimento na saúde básica da população, ao mesmo tempo que proporciona treinamento e aprendizado. Como conselheiro, espero poder ajudar na instituição do ensino superior no PENSI e vejo vocação para a pós-graduação lato sensu, em uma variedade de especialidades pediátricas como a cardiologia e a terapia intensiva. Não saberia dizer se em outro país da América Latina temos um hospital pediátrico do porte do Sabará Hospital Infantil e, por isso mesmo, vejo a participação do PENSI como de extrema relevância para alavancar estudos e formação nesta região.

 

Por Rede Galápagos

 

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