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Perigos escondidos: os riscos relacionados ao poder de atração de imãs quando ingeridos acidentalmente por crianças e adolescentes
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Perigos escondidos: os riscos relacionados ao poder de atração de imãs quando ingeridos acidentalmente por crianças e adolescentes

Perigos escondidos: os riscos relacionados ao poder de atração de imãs quando ingeridos acidentalmente por crianças e adolescentes

25/11/2022
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Os imãs sempre atraíram a atenção de crianças e adultos por sua propriedade de atrair objetos e atraírem-se entre si, como um passe de mágica. Por isso, muitos brinquedos infantis e peças decorativas são desenvolvidos com aplicação de imãs. Apesar de serem objetos lúdicos, criativos e divertidos, eles estão entre os objetos de maior risco de ingestão ou aspiração acidental por crianças e adolescentes devido à sua capacidade de atração através dos tecidos do organismo humano.

A ingestão e a aspiração de corpo estranho (objetos não alimentícios) são um problema comum e a maioria dos casos ocorre na faixa etária pediátrica. Os objetos ingeridos de forma acidental com mais frequência são moedas, brinquedos, imãs e baterias. Os motivos são diversos. O comportamento de explorar objetos não alimentícios colocando-os na boca é típico de faixas etárias menores, mas pode ocorrer a ingestão acidental não intencional quando a criança está com o objeto dentro da cavidade oral. As crianças também podem confundir o objeto com balas e doces, ou podem ingeri-lo sob o comando de outra criança, como uma brincadeira ou desafio. Já os adolescentes, que tendem a transgredir as regras e avisos, podem, por exemplo, inseri-los na boca ou no nariz para simular piercings, e acabar ingerindo-os ou aspirando-os por acidente. Ainda, algumas condições médicas, como transtornos do desenvolvimento, transtornos alimentares e deficiências nutricionais, podem fazer com que crianças apresentem o comportamento de ingerir objetos não alimentícios mesmo em idades em que isso não faz parte de seu desenvolvimento, necessitando de tratamento médico específico.

No caso dos imãs, o maior problema ocorre quando dois ou mais imãs são ingeridos ao mesmo tempo, pois os imãs se atraem mutuamente através do intestino, levando a danos e complicações graves, como obstrução intestinal, perfuração intestinal, formação de fístulas, torções intestinais e, em casos extremos, ocasionando a morte. Em alguns casos, a remoção de imãs ingeridos acidentalmente precisa ser realizada por meio de cirurgia, que pode ser complicada por deformidades do trajeto do intestino resultantes da atração entre os dois imãs situados na luz intestinal, por meio das paredes das alças intestinais.

No Brasil, de acordo com as normas de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), os brinquedos que contenham ímãs ou peças imantadas, independente da faixa etária a que estão destinados, não podem ter os imãs arrancados, nem se soltarem quando o brinquedo cair no chão, for puxado, mordido ou pisado e, caso sejam, os imãs não podem constituir partes pequenas que possam ser engolidas ou inaladas. Porém, é muito frequente que outros objetos, que não foram projetados para crianças e adolescentes, sejam oferecidos como brinquedos ou estejam ao seu alcance de suas mãos. Além disso, muitos produtos estrangeiros são comercializados e comprados em território nacional, ou comprados on-line, e não seguem às normas brasileiras de segurança.

Para compreender essa realidade, o estudo “Impact of Magnet” entrevistou 173 pais de pacientes que haviam sido expostos (ingestão ou inserção de corpo estranho no organismo) a objetos com imãs de alta potência magnética. Por sua relevância, o estudo foi publicado pelo periódico Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria, em novembro de 2022. Os resultados revelam que quase metade (44%) dos pais acreditava que os objetos magnéticos eram brinquedos projetados para crianças. Outro dado indica que mais da metade dos pais sabia que os imãs de alta potência eram objetos perigosos para as crianças, o que sugere que eles tendem a subestimar a vulnerabilidade das crianças e a falhar ao prever o risco de acidentes. Isso pode ocorrer especialmente com crianças mais velhas e adolescentes que nunca apresentaram comportamento de levar os objetos à boca.

Vale ressaltar que, além dos imãs, outros objetos conferem risco maior de complicações se forem ingeridos e, por isso, nunca devem ser deixados ao alcance das crianças e adolescentes, como:

– Objetos pontiagudos, afiados, cortantes e perfurantes (palito de dentes, agulhas, grampos, alfinetes de roupa, ossos de alimentos, lâminas de barbear);

– Objetos que contenham baterias em formato de moeda;

– Objetos que se desmontem em pequenas peças;

– Moedas ou objetos redondos em formato de moeda (botões, brinquedos, tampas de embalagens).

Na hora de escolher e comprar produtos e brinquedos de uso infantil, reserve atenção especial à leitura das informações da embalagem, que devem trazer a faixa etária para a qual o brinquedo foi projetado e, quando necessário, instruções, recomendações e alertas para o uso. Evite comprar brinquedos e produtos que venham fora de suas embalagens originais ou que tenham passado por manutenção ou modificações de características que conferem segurança. Crianças maiores e adolescentes devem receber orientações claras e consistentes sobre os riscos da ingestão acidental de objetos não projetados para serem ingeridos ou inseridos no organismo.

Referências:

http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002801.pdf (acessado em 17 de novembro de 2022, 15:41h)

http://www.innac.org.br/imas-em-brinquedos/ (acessado em 17 de novembro de 2022, 15:41h)

https://publications.aap.org/pediatrics/article/150/5/e2022056325/189659/Warning-Labels-and-High-Powered-Magnet-Exposures (acessado em 17 de novembro de 2022, 15:41h)

Dra. Nathalia Gioia

Dra. Nathalia Gioia

Médica Pediatra formada na Universidade Federal de São Paulo, com especialização em Gastroenterologia Pediátrica. É pesquisadora e responsável pelos atendimentos clínicos do Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA) do Instituto PENSI. Também atua no Hospital Infantil Sabará.

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